Praia Virginia Key

Assenti com a cabeça ao que ela disse abraçando-lhe a cintura e sorri - é verdade, é romântico - deixei que saltasse para a areia e beijei-lhe a testa - depois ainda tens dúvidas que me orgulhe de ti? - perguntei -quando te conheci nem aqui conseguias estar sem tremer e entrar em pânico - sorri levemente - estás comigo estás com deus.

Sorri toda marotinha quando o ouvi concordar com o que eu tinha dito e voltei a encostar-me ao seu corpo, depois de já ter saltado para a areia, ouvindo-o falar. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, tentando conter mais um sorriso, mas foi tão impossível ao ponto de ter de o olhar.
- Já te disse que é tudo graças a ti.- disse, esticando-me até lhe dar um beijinho.- se não fosses tu a ajudar-me, eu não conseguia nada disto.- encolhi os ombros e agarrei-lhe na mão.- anda, vamos antes que eu perca a coragem toda.- ri-me baixinho.

Sorri quando disse que era graças a mim e voltei a abanar a cabeça - eu só dei uma ajuda, tu é que fizeste o resto - puxei-a para mim, colocando um braço por cima dos seus ombros - Não vais nada perder a coragem - sorri puxando-a para que andássemos apenas um pouco mais rápido olhando o mar com um meio sorriso.

- Não sejas teimoso.- reclamei com um sorriso.- se eu digo que é graças a ti é porque é.- semicerrei-lhe os olhos, encostando-me mais a ele depois de rodear os meus ombros com o seu braço e à medida que nos aproximávamos da beira mar, a minha coragem começava a diminuir aos poucos.- não me deixes voltar atrás, está bem? - pedi num tom baixo, fechando os olhos e respirei fundo. Eu tinha de conseguir.

Juntei as sobrancelhas quando a comecei a sentir mais nervosa e hesitante e mordi o interior da bochecha, não queria que ela se assustasse e ficasse pior, mas se ela o queria fazer, eu ia ajuda-la - está bem-murmurei rodeando-lhe a cintura e agarrando na sua mão com o outro braço enquanto via o mar a aproximar-se de nós.

Eu queria fazer isto, eu tinha prometido a mim mesma que era capaz, mas agora que nos começávamos a aproximar cada vez mais do mar, o medo começava a consumir-me. Ia ser sempre assim, acho que por mais tempo que passasse, eu ia sempre sentir-me assim junto da água, por todas as sensações que ela me provocava. Cerrei o maxilar, encostando-me mais a Ryan e fechei os olhos juntamente com um suspiro, tentando que as minhas pernas se continuassem a mover.
- Tu consegues, tu consegues.- fui repetindo muito baixinho, só para mim e assim que senti o primeiro lance de água tocar-me nos pés, todo o meu corpo paralisou. Apertei a camisola de Ryan nas minhas mãos, mantendo-me de olhos fechados e tentei controlar a respiração. Não te lembres, não é a mesma coisa, não penses Ariel.

Olhei-a quando começou a falar baixinho para si própria e suspirei levemente beijando-lhe a testa - Está tudo bem - disse-lhe baixinho fechando os olhos, encostando a minha cabeça à dela. Sorri quando me lembrei que do que ela tinha dito e dei apenas mais um passo, para ficarmos com os pés rodeados de água. Antes que ela pudesse entrar em pânico levantei-lhe a cabeça e beijei-lhe os lábios.

Eu sabia que não era a mesma coisa, o mar ali estava calmo e não tinha nada a ver com o mar que eu tinha visto naquele dia, não tinha nada a ver com o mar que me tinha feito mal. Além de que, Ryan estava ali comigo. Mas mesmo sabendo todas estas coisas, eu não consegui impedir o meu corpode tremer cada vez mais à medida que nos aproximávamos da água, eram demasiadas recordações, de cada vez que olhava para o mar era como se sentisse de novo tudo o que tinha sentido naquele dia. Fechei os olhos com um longo suspiro mal senti os lábios de Ryan na minha testa e estava a preparar-me para respirar fundo, de modo a tentar não entrar em pânico, quando estes foram parar juntos dos meus. Fechei os olhos de repente e como sempre, as minhas mãos foram de encontro ao seu cabelo. Eu não sei como é que ele o fazia, mas sempre que me beijava, eu esquecia o que nos rodeava, eu podia estar com a água a tocar-me nos pés, e isso podia ser o maior trauma da minha vida, mas com os lábios dele nos meus, eu não conseguia concentrar-me em mais nada, a não ser ele e beijá-lo.

Sorri contra os seus lábios encostando-a ao meu corpo para se sentir protegida e dei uma voltinha com ela levantando-lhe os pés da areia apenas por alguns momentos. Afastei-me um pouco dela e olhei-a passando os dedos pela sua bochecha - não penses no sítio onde estás murmurei passando os dedos pela sua cabeça - pensa em como te sentes -rocei os meus lábios nos dela e fechei os olhos.

Sorri ao senti-lo sorrir contra os meus lábios e tive de me agarrar ao seu pescoço para não cair, quando me rodopiou no ar. Eu tinha noção de onde estávamos, mas a verdade era que estava muito mais concentrada nele. Encostei a minha cara mais à sua mão ao sentir o seu toque e abri os olhos aos poucos, estremecendo ao de leve assim que os meus pés voltaram a tocar a água, mas consegui controlar-me.
- Sinto-me feliz.- respondi baixinho, ainda a sorrir.- sinto-me feliz graças a ti.- murmurei, chegando-me mais para ele até o conseguir abraçar.

Olhei-a quando disse que se sentia feliz e fechei os olhos com um meio sorriso. Abracei-a com força afastando-a um pouco da água, tinha medo que fosse tudo por água a baixo por isso era melhor ir devagar, já tinha sido um grande passo para ela ter vindo até à praia. - Eu quero e preciso que continues a sentir-te assim - murmurei sentando-me com ela na areia um pouco longe de onde as ondas chegavam.

Encostei a cabeça ao seu peito mal senti os seus braços em redor do meu corpo e tentei abstrair-me do som das ondas, concentrando-me apenas no som do seu coração. Abri depois os olhos quando o senti afastar-me de ao pé da água e apesar de estar a ser uma sensação não tão insuportável quanto eu pensava, agradeci mentalmente por o ter feito, não sabia se conseguiria controlar-me muito mais tempo. Sentei-me ao seu lado, puxando-o para muito perto de mim e voltei a aninhar-me contra o seu peito, ficando a olhar para o mar enquanto o ouvia falar.
- Eu vou continuar assim se me continuares a dar beijinhos.- disse na brincadeira, mesmo que ele não estivesse a referir-se a isso, eu não ia pensar em estar assim sem ele, mas também não ia dizer-lhe, era preferível aligeirar o ambiente.- eu acho que eles são milagrosos.- disse com um sorrisinho, esticando a cabeça até roçar o meu nariz pelo seu maxilar.- és muito importante para mim, espero que saibas disso peixinho.- encostei-me mais a ele.- e eu também preciso que estejas bem.

Olhei para ela quando disse que ia continuar bem enquanto eu lhe desse beijos e sorri dando-lhe mais um beijo nos lábios. Não queria falar muito no que já se sabia por isso apenas assenti - eu vou estar - disse sabendo que não era verdade e passei os dedos pelo seu cabelo - estive a pensar - mordi o interior da bochecha por não saber se estava a fazer o certo - podemos ir visitar a tua mãe e o teu irmão, agora mal os vês.

Sorri ao ouvir o som do seu coração em conjunto com o som do rebentar das ondas e acabei por rodear a sua cintura com um braço, de modo a conseguir chegar-me para ele o mais possível. Levantei a cabeça, sentindo os seus lábios nos meus e depois de corresponder ao seu beijo, fiquei a olhá-lo sem nunca me desencostar do seu corpo. Assenti com um sorriso, quando disse que ia estar bem, e mesmo sem ter a certeza se falava verdade, não disse nada. Estiquei-me, roçando os meus lábios pelo seu maxilar, em silêncio, e só falei depois de ele ter feito o mesmo e me ter dito que podíamos ir visitar os meus pais e o meu irmão por eu não os andar a ver muito.
- Não tens de ir só por minha causa.- disse baixinho, apesar de gostar que ele fosse comigo.- não quero que vás se não te sentires bem a fazê-lo.- encolhi ligeiramente os ombros, escondendo a cara na curva do seu pescoço.

O meu médico tinha dito que era melhor despedir-me das pessoas não era? Detestava pensar assim, mas era o melhor a fazer, só tinha estado com o irmão dela uma vez, mas era como se tivesse sido uma eternidade, não acreditava na vida depois da morte, mas se acreditasse podia dizer que ia ter saudades dele. Olhei para Ariel e beijei-lhe ao de leve os lábios - eu vou contigo - sorri-lhe.

Eu não gostava deste tipo de conversas, pois eu sabia muito bem qual era o motivo pelo qual ele ficava tão reticente em ir ver o meu irmão, não gostava de me lembrar que..nada. Abanei a cabeça de maxilar cerrado, para afastar qualquer tipo de pensamentos e só afastei a cara do seu pescoço para o beijar também, acariciando a sua bochecha com as pontinhas dos meus dedos enquanto o fazia.
- Está bem.- murmurei contra os seus lábios com um sorriso.- o meu irmão vai ficar todo contente por te ver.- assegurei.- desde que o ajudaste lá com a namoradinha dele que não se cala contigo.- revirei os olhos com um sorriso.- e eu fiquei a saber que és um verdadeiro Don Juan.- brinquei, mordiscando-lhe o queixo.

Sorri quando ela disse que o seu irmão não se calava comigo, era mais ou menos por isto que nem o queria ver, ele tinha gostado de mim, preferia que não tivesse. - Não sou nenhum Don Juan- disse-lhe com um sorriso levantando-me para que fossemos andando para casa dela, já estávamos ali há tempo suficiente e sentia-me verdadeiramente orgulhoso por ela. - mas sei os meus truques - brinquei com um sorriso.

Ajeitei a minha roupa assim que ele me ajudou a levantar, mas nem por isso deixei de ficar encostada a ele, mesmo quando começámos a andar. Olhei para baixo, para as nossas mãos uma ao lado da outra e acabei mesmo por entrelaçar o meu dedo mindinho no seu, de forma muito sorrateira, sorrindo depois com o que disse.
- Digo-te que se os estiveres a usar comigo, estão a resultar na perfeição peixinho.- ri-me baixinho, apesar de não estar propriamente a brincar.

Olhei para as nossas mãos quando ela entrelaçou o mindinho no meu e levantei as duas fazendo o meu mendinho de gancho e o dela de minhoca - É assim que se faz - entrelacei os meus dedos nos dela e puxei-a mais para mim até ao carro, eu não queria conduzir, as minhas dores de cabeça estavam a piorar por isso era melhor ser ela. - Eu não estou a usar nada em ti, estou a ser eu.

Estava a olhar para o mar uma última vez antes de sairmos da praia quando senti Ryan pegar nas nossas mãos, até agora unidas apenas pelos nossos mindinhos. Mordisquei o meu lábio inferior, desviando o olhar para ele e foi impossível não sorrir com o que fez. Olhei as nossas mãos agora juntas e senti o meu coração começar a bater ligeiramente mais acelerado, o que me fez ter de morder o lábio de novo para não começar a sorrir que nem uma parvinha, isto estava mesmo a acontecer.
- Para a próxima já sei como fazer.- disse com um sorrisinho esperto e levei as nossas mãos unidas até à boca, dando um beijinho nas costas da sua. Voltei a encostar-me a ele, andando assim até ao seu carro e quando lá chegámos, olhei-o.- ainda bem.- comecei a responder ao que disse.- porque eu gosto de ti como és.- estiquei-me até lhe dar um beijinho e depois apontei com o queixo para o carro.- queres que conduza?

Sorri quando ouvi ariel dizer que gostava de mim como eu era. assim com a cabeça ao que ela perguntou. - se faz favor- acrescentei com um suspiro. fui sentar-me ao lado do condutor e encostei a cabeça ao banco. Estava ligeiramente cansado, agora ficava sempre assim. - alguém sabe? - perguntei abrindo os olhos, olhei para ela e sorri um bocadinho- devias contar enquanto ainda esta tudo bem.

Dei-lhe um beijinho na testa antes de me afastar, depois de ele ter confirmado a minha pergunta e dei a volta ao carro, abrindo a porta para me sentar no lugar do condutor. Coloquei o cinto, regulando a altura do banco e estava prestes a ligar o carro quando o ouvi falar. Juntei as sobrancelhas, olhando para ele e acabei mesmo por soltar um suspiro.
- Eu não tinha bem a certeza se querias que contasse já.- encolhi os ombros.- ia perguntar-te depois.- a verdade era que andava a adiar aquele assunto o mais que conseguisse, quanto menos falasse e pensasse naquilo, melhor.

Assenti com a cabeça sabendo que não ia ser fácil, mas se ela estava a querer apoiar-me nisto eu sabia que ela ia sofrer por isso precisava de uma mãe e de um irmão ainda mais unidos. - Podes contar agora - disse como se não fosse nada de mais, como se fosse namorado dela e ela quisesse contar aos pais apesar do medo.

Acabei por ligar o carro, para começarmos a sair dali e estava já na estrada quando ouvi Ryan falar. Juntei as sobrancelhas, olhando para ele durante uns segundos e engoli em seco.
- Agora? - perguntei baixinho, sentindo o meu coração ficar logo todo apertadinho.- tens a certeza?

Aquela situação começava a tirar-me do sério, não era por causa dela, mas por causa de mim. mas tinha que ser assim. Olhei para Ariel quando pareceu ficar hesitante e suspirei revirando os olhos comigo próprio pelo que ia dizer a seguir - queres dizer quando? - perguntei - quando eu já estiver morto? - perguntei. Não faltava muito tempo até porque eu sentia pelos meus enjoos e pela minha dor de cabeça que cada vez aumentavam mais.