Corredores

Após um dia de aulas, estávamos cada vez mais próximos da hora do jogo, momento que me agradava muito mais. Era bastante virado para o desporto, era sempre bom estar no meio do campo, jogar, esquecer tudo o que estava do lado de fora. Após ter trocado as minhas roupas pelo meu equipamento, acabei por ir dar uma espreitadela ao ginásio, o qual começava já a encher com algumas pessoas, e certamente até ao jogo começar aquilo estaria repleto. Avistei a Evelyn uns passos à frente de onde eu me encontrava e decidi caminhar até junto dela, aproveitando que naquele momento se encontrava sozinha. - Não partas uma perna. - eu falei, em tom de gozo com um sorriso de igual tom nos cantos dos meus lábios.

Fomos treinar a coreografia uma última vez porque queria ter a certeza que todas fariam os seus passos sem problemas afinal eu era a cara da claque e não queria cá vergonhas. Deixei a Izzy, o meu braço direito, a coordenar tudo antes de voltar ao balneário para ir guardar o meu telemóvel antes do grande momento. Estava pronta para voltar ao ginásio quando vi o Thomas e revirei os olhos - Muito obrigada pela preocupação. - respondi irónica - Mas preocupa-te contigo que estás mais em risco que eu. - disse com um sorriso e dei-lhe um toque no nariz - Não te distraias no campo.

Abanei um pouco a minha cabeça ao ouvir as suas palavras. - Não há nada com que deva preocupar-me, já devias saber disso. - encolhi os meus ombros, confiança era algo que não me faltava, pois eu sabia ser bastante bom naquilo que fazia em campo. - Ainda por cima, estás sempre aqui a apoiar-me, impossível alguma coisa correr mal. - o meu tom de voz agora havia sido mais irónico e um sorriso permanecia nos meus lábios e isto foi acompanhado por um pequeno toque no seu braço. Logo me afastei. - Até logo. - pisquei-lhe o olho e depois afastei-me, indo ter com o resto da equipa, visto já faltar pouco tempo para o início do jogo.

- É bom que ganhem! - gritei antes do Thomas se afastar afinal mesmo que ele me irritasse profundamente, a nossa claque só fazia sentido tendo em conta que existia a equipa onde por acaso, o Thomas jogava. Olhei-me uma última vez ao espelho para assegurar que estava bem antes de voltar para o ginásio e para o resto da claque. Com tudo pronto, demos início à coreografia principal enquanto a equipa se preparava para entrar e dar início ao jogo.

Ri-me ao ouvir as últimas palavras da Evelyn e nem me dei ao trabalho de lhe responder, sabia perfeitamente que o mais certo seria mesmo ganharmos aquele jogo. Assim que a claque começou a sua coreografia, a equipa preparou-se para entrar, o que aconteceu poucos minutos depois. Sentia-me entusiasmado para jogar, afinal já tinha passado um tempo desde a última vez, visto as férias de verão terem acontecido entretanto. Assim que entramos em campo, logo o jogo teve início.

Assim que a equipa entrou em campo, afastámo-nos para as linhas laterais onde continuámos a puxar pela equipa, o que significava que indiretamente também estaria a puxar pelo Thomas. Enfim..
Não tardou muito tempo para que a nossa equipa começasse a ganhar à adversária e assim acabou o jogo.
- O Thomas vai à festa, certo? - perguntou-me a Carla sem esconder o entusiasmo.
- Não o tenho preso à cintura por isso não sei. - respondi secamente. Os nossos pais não ficavam muito satisfeitos com aquelas festas mas já tinham desistido de nos tentar impedir de ir por isso esperavam apenas descrição e que não saíssem fotografias comprometedoras para fora.
Voltámos ao balneário para ir buscar as nossas coisas antes de nos juntarmos nos grupos do costume para sair para o local da festa.

Tal como eu já previa, nós ganhamos o jogo e como era já habitual, o resto da noite seria passado a celebrar aquela vitória numa festa onde todos nos reuniríamos. Após trocar o equipamento para as minhas roupas, saí com os meus amigos dali, indo para o bar onde a festa iria acontecer. Nem me preocupei em saber da Evelyn, pois sabia que ela arranjaria maneira de lá chegar, apenas tinha de me preocupar em a levar para casa, pois nestas situações os nossos pais não deixavam que um de nós ficasse para trás. Um longo suspiro escapou dos meus lábios assim que entramos no bar e o barulho se entranhou nos meus ouvidos. - Isto vai ser divertido. - comentei para mim mesmo, enquanto me embrenhava no meio da multidão. Pretendia aproveitar bastante aquela noite, pois sentia que estava a precisar.