Praia Virginia Key

Encolhi-me ligeiramente quando me tocou e apertei mais as minhas pernas com os meus braços, pousando o queixo nos meus joelhos.
- Tive um ataque de pânico, acho que percebeste isso.- disse baixinho. Eu não queria ser má para ele, não depois do que ele tinha feito, mas não sabia se estava preparada para falar. Mordi o lábio com força quando o meu queixo tremeu e passei as mãos pelas bochechas.

Virei-me totalmente para ela, ficando de costas para o mar e puxei-a ligeiramente para mim passando as mãos pelo seu cabelo. - Eu sei, eu percebi - mordi a parte de dentro da minha bochecha. - Queres ir embora?

Continuei abraçada ao meu corpo mesmo quando me virou para ele e olhei-o por de trás das lágrimas, assentindo devagarinho com a cabeça.
- Sim, por favor.- sussurrei, soluçando.

Assenti com a cabeça quando ela disse que queria e levantei-lhe esticando-lhe a mão para que ela se levantasse. - Senteste bem? - perguntei puxando-a para que se levantasse. Agarrei no telemóvel e mandei uma mensagem a Jackson a dizer que ia embora, se bem que ele nem o ia ver, já devia estar entretido com amiga de Ariel.

Agarrei na sua mão quando ma estendeu e levantei-me com a sua ajuda, ajeitando o vestido para que não subisse. Abracei o meu corpo com os meus braços e encolhi os ombros à sua pergunta, baixando o olhar para os meus pés. Não, não estava bem, aliás, não estava mesmo nada bem. Era impossível. Tinha perdido duas das coisas que mais amava, e isso parecia perseguir-me, todos os dias.

Apenas assenti com a cabeça agarrando num dos seus braços e ajudando-a a ir ao meu lado até à praça de táxis que ficava ali perto - Vais dizer-me onde vives ou nem por isso? - perguntei abrindo a porta de um que estava por ali. - Boa noite - cumprimentei o senhor que disse o mesmo ficando a olhar para nós.

Apenas deixei que me agarrasse, seguindo a seu lado para onde quer que ele fosse e quando me abriu a porta do táxi, entrei, encostando-me muito ao banco.
- Moro a dois quarteirões daqui.- murmurei baixinho ao fim de algum tempo. Só queria chegar a casa e nunca mais sair de lá.

-Isso é um bocado vago, eu também mordo a dois quarteirões daqui - revirei os olhos e olhei para o motorista com um suspiro - leve-me para Collins Avenue, 42 - o homem endireitou-se ao voltante e assentiu começando a andar. - Eu depois levo-te a casa. - olhei para Ariel fazendo uma careta.

Suspirei quando resmungou comigo, encolhendo ligeiramente os ombros e voltei a colocar os pés em cima do banco, abraçando de novo os meus joelho e encostando a cabeça aos mesmos, enquanto olhava para a rua pela janela.
- Eu podia ter ido a pé.- sussurrei quando senti o carro andar.

Quando ela falou, olhei para ela com cara de parvo.
-Sim, ainda tinhas outro ataque e eras atropelada, não sejas parva. - resmunguei cruzando os braços e encostei-me ao banco olhando para as ruas. A casa não era assim tão longe quanto isso, por isso chegámos rápido. Paguei e saí do carro, indo ao lado dela para a ajudar a fazer o mesmo, caso fosse preciso.

Encolhi os ombros, ficando calada o resto da viagem e só quando o carro parou é que percebi que tínhamos chegado. Vinha demasiado distraída com os meus pensamentos. Desdobrei as pernas, colocando-me direita e abri a porta, saindo com cuidado, tendo de me agarrar a ele no final para não cair.
- Desculpa.- pedi com um suspiro e afastei-me.

Agarrei-a nos braços quando se agarrou a mim e abanei a cabeça quando me pediu desculpas. - Deixa-te disso, vamos entrar, estás toda desengonçada - disse agarrando-lhe num braço com pouca força para que ela me acompanhasse.

Fiz uma careta com o que disse e pela primeira vez, dei-lhe razão. Eu estava feita num caco. Encostei-me ligeiramente a ele, para tentar manter o equilíbrio e tentei andar de forma decente ao seu lado.

Fingi que a ignorei, para não responder só merda ao que ela disse e ainda precisasse de me enterrar mais e continuei a andar no meu skate. A praia não era muito longe do parque, pelo que chegámos rápido. Olhei para o meu telemóvel antes de sair do skate e fiz uma careta. Ele já não estava lá, não fazia mal, agora ia aproveitar. Olhei para trás, onde estava Brooke e quando ela veio parar ao meu lado olhei para o mar - anda, eu pago-te uma bebida.

Baixei-me para agarrar no meu skate e sorri quando ele disse que me ia oferecer uma bebida - Estamos muito cavalheiros. - enrolei um braço à volta do dele e olhei-o - Não te devias começar a despir antes de irmos para a festa? - semicerrei os olhos e tentei não me rir.

Revirei os olhos com um sorriso e quando senti um braço dela à minha voltei fiz o mesmo na zona dos seus ombros. - Eu sou um cavalheiro, eles ainda existem - gozei olhando depois para a minha roupa - já que insistes - disse despindo a minha t-shirt.

Afastei-me ligeiramente dele quando se começou a despir e mordi o interior da bochecha. Ele era giro num sentido de doido estranho. Pisquei-lhe um olho e passei os dedos pelo seu peito - Agora vai lá conquistar umas miúdas semi despidas. - apontei para as raparigas à nossa frente que andavam todas mais despidas que vestidas.

Ri-me quando apontou para umas miúdas e abanei a cabeça. - Não queres a minha bebida é? - perguntei agarrando-lhe na mão com cuidado, colocando a t-shirt por cima do meu ombro. - Anda, eu convidei-te, és o meu par - claro que mesmo que não a tivesse convidado não a ia deixar sozinha. Fui até ao bar com ela e olhei-a - queres uma coisa forte, média ou uma água?

Agarrei-me a ele de novo quando me puxou para ele e mordi o interior da bochecha. Não sabia bem porquê mas gostava que ele dedicasse a atenção toda dele para mim, a perseguir-me ou o que quer que fosse que ele fazia. Não queria que ele andasse assim com as outras. Encostei-me ao balcão enquanto pensava - Forte. - respondi com um sorriso enquanto o olhava.

Assenti desviando o olhar dela para o barman.
-Queremos bebidas fortes - disse fazendo um gesto com a mão para que fosse ele a escolher. O rapaz assentiu e eu virei-me para ela com um meio sorriso - espero que saibas nadar - virei-me para o balcão agarrando nas nossas bebidas.

Tirei-lhe a minha bebida das mãos para que ele não andasse carregado e levantei uma sobrancelha - Eu faço surf. Se não soubesse nadar era muito mau. - dei um pequeno gole na minha bebida e puxei-o para que saissemos do balcão - Então, vamos nadar? - perguntei com um pequeno sorriso.

-Pronto, de outra forma - disse bebendo um bocado da minha bebida para a olhar - sabes nadar sem prancha? - brinquei indo até uma zona onde estávamos perto do mar e um pouco mais longe - ainda é cedo - sentei-me na areia olhando para o meu copo. - Porque é que dizes que eu te persigo? - perguntei levantando o olhar para ela.

Sentei-me na areia ao lado dele e continuei a bebericar a minha bebida - Sim, consigo nadar sem prancha. - dei-lhe um encontrão com os ombros. Sorri enquanto o olhava e encolhi os ombros - Já te vi a olhar para mim fixamente e o campo de skates, praia. Estás sempre onde eu estou. É a tua maneira de flirtar?

Mordi o canto dos lábios para não sorrir e abanei a cabeça para responder à sua pergunta. Eu perseguia-a, isso era verdade, mas não era só isso. -Eu gosto das mesmas coisas que tu - levantei o olhar para ela - há problemas nisso? - olhei para o meu copo vazio e coloquei-o ao meu lado para que não fosse levado pelo mar. - o meu irmão é um campeão de surf, eu sou um quase campeão de skate, é normal - ri-me.

- E gostas de mim. - disse com um sorriso. Deitei-me na areia ficando apoiada nos meus cotovelos e olhei para ele - Sim, o teu irmão é giro. - estiquei as pernas depois de me descalsar e sorri quando senti os pés a ser molhados - Tu - encolhi os ombros - és mais ou menos. Bem, para um perseguidor que usa como meio de se fazer a uma rapariga segui-la, és giro também.