Starbucks

Senti o meu coração a bater mais depressa enquanto ele me ia mordendo a pele e ia descendo. Ai, que nervos, Julian McGarvey. Não, que nervos Eve Cabra. Revirei os olhos quando ele se afastou, se bem que aquilo era melhor ter acontecido e encolhi os ombros enquanto continuava a andar.
- Lamento mas a minha mãe ensinou-me a dizer a verdade e a verdade é que és bicha.

Revirei os olhos e fiz-lhe uma careta sem sequer a olhar. - É nada verdade. - resmunguei. - Mas penso o que quiseres oh feiosa. - encolhi os ombros e comecei a andar mais depressa.

Levantei uma sobrancelha quando o vi a andar mais depressa - O que foi? Estás com fogo no rabo ou viste um gajo jeitoso de fato de banho e queres ir pedir-lhe o número? - abanei a cabeça enquanto tentava não me rir.

Revirei os olhos e olhei para trás. - Sim Gwen é isso mesmo. - sorri-lhe cinicamente e voltei a olhar para a frente quando quase ia tropeçar em sei lá o quê. Finalmente tinhamos chegado à praia, comecei a andar para o areal sem ver se ela ainda estava atrás de mim ou não.

Antes de ir para a praia passei pela Starbucks pedi um café e um daques bolinhos delecisos.
Nunca me iria cansar daquilo. Paguei tudo ao homem da caixa, peguei na comida e sai para a praia

- Ainda bem porque eu gosto daquilo e além do mais, preciso do dinheiro. - agarrei no braço do Julian quando ele disse que estava com a outra noutro dia e lá sai de casa com ele - Não vou morrer mas temos de comer antes de eu ir trabalhar, estou esfomeada. - disse com um beicinho que desapareceu para um sorriso mal vi o starbucks a uns quantos metros de nós - Ah e temos que nos despachar porque eu não quero chegar atrasada. - disse-lhe enquanto nos colocávamos atrás da fila.

Revirei os olhos para mim quando ela disse aquilo.
- Pois. - foi o que apenas disse, odiava mesmo que ela trabalhasse naquele sítio, mas pronto, pelo menos ia com ela e podia estar atento a tudo o que se passava à sua volta. - Ainda é cedo. - olhei para o relógio verificando que ainda tinhamos algum tempo e olhei para ela depois de nos metermos na fila. - Por isso tem calma Gwen. - ri-me levemente.

Cruzei os braços e revirei os olhos quando o Julian me mandou ter calma por ainda ser cedo - Isso é porque tu não vais trabalhar, se fosses estavas tão stressado como eu. - queixei-me com um beicinho e dei um passo para a frente assim que a fila avançou. Olhei para o preçário para escolher o que queria comer - Tu és um chato. - resmunguei mas deixei cair a minha cabeça no ombro dele - Podes ir ter com a tua namorada, eu sei tomar conta de mim e além do mais vou trabalhar, não preciso que me distraias.

- Tens uma boa solução em relação a isso, não vás trabalhar também. - disse como se aquilo fosse a maior solução de todas, e a verdade até era. Só queria que ela saisse daquele trabalho de uma vez por todas. Fiz-la levantar a cabeça, assim que a deitou no meu ombro, e segurei-lhe no rosto para ela me olhar. - Já disse que não quero. Vou contigo e não se fala mais nesse assunto. - revirei os olhos e avancei mais uns passos, estava mesmo quase a chegar a nossa vez.

- Mas eu quero e preciso de ir trabalhar. - respondi com um revirar de olhos. Quem me dera que fosse tão fácil como ele pensava que era. Depois do meu pai me ter deixado e à minha mãe, estava farta de a ver a matar-se a trabalhar para conseguirmos ter uma boa vida, para eu conseguir ir para a academia de dança e tudo o mais. Queria ajudá-la e no bar sempre fazia uma coisa que gostava, dançava. Dei mais uns passos para a frente, feliz por estar quase na nossa vez e assenti com a com a cabeça - Está bem, amanhã já estás com ela o dia inteiro.

Encolhi os ombros e não disse mais nada sobre aquilo, sabia muito bem que nada do que eu dissesse a ia fazer mudar de ideias. Por vezes, ela conseguia ser ainda mais teimosa do que eu. Bufei para o ar assim que ela disse aquilo em relação a eu estar com a Eve, não entendia porque é que ela estava sempre com aquelas coisas, parecia que tinha ciumes ou assim, quando na verdade nem sequer tinha motivos para isso. Eu nunca ia deixar de estar com ela por causa da Eve, e o facto de estar ali com ela, agora, era uma prova disso.
- Acho que precisas de arranjar um namorado. - disse, mas assim que acabei de dizer aquilo, arrependi-me logo. Não queria que ela tivesse um namorado... não sabia bem porquê mas aquela imagem não me agradava nada. - É a nossa vez. - disse para tentar mudar de assunto e puxei-a para a frente do balcão.

- Não preciso de namorado nenhum. Mais vale só que mal acompanhada. - respondi com um encolher de ombros. O meu problema era que não conseguia confiar nos homens depois do que tinha acontecido com o meu pai. Só conseguia confiar no Julian e às vezes achava que isso era mau. Eu sabia que gostava dele, demasiado até, mais do que devia e isso só me ia fazer sofrer. Além do mais ele agora tinha namorada por isso o mais provável era ele acabar por me abandonar também. Abanei a cabeça para afastar esses pensamentos e dei um passo para a frente - Quero um frappuccino e um queque se faz favor. - pedi e olhei para o Julian.

Aquilo que ela disse deixou-me meio aliviado, ia odiar que ela dissesse que ia tratar disso ou algo assim do género. E eu era demasiado egoista nisto, não tinha o direito de a impedir de estar com alguém, mas que podia eu fazer se isso me metia impressão?
- Eu quero um café e um queque. - pedi para mim e depois aguardamos sermos servidos. Olhei para a Gwen. - Estás chateada comigo, feia? - perguntei-lhe e apertei-lhe levemente a bochecha.

Não percebia porque é que os meus sentimentos pelo Julian eram tão fortes principalmente quando não eram correspondidos e tinha que os esquecer completamente porque ainda por cima ele agora tinha namorada. Não queria arranjar problemas entre ele e levar ao fim inevitável que era o Julian deixar-me. Cheguei-me para o lado enquanto aguardávamos pelo nosso pedido e olhei para ele, dando-lhe uma palmada na bochecha - Não, porquê?

Encolhi os ombros e fiz um beicinho adorável e irresistível.
- Porque acho que às vezes fico um bocadinho chato... - disse-lhe, tinha mesmo uma grande mania de a tentar proteger de tudo e mais alguma coisa e sabia que isso fazia com que eu acabasse por ficar um pouco chato. Não era por mal, claro mas mesmo assim. Peguei nas minhas coisas assim que pousaram os nossos pedidos no balcão e esperei que a Gwen fizesse o mesmo para depois irmos para uma mesa comer.

Juntei as sobrancelhas ainda a olhar para o Julian e acabei por desatar a rir - Não, não te preocupes que não estou chateada contigo. - dei-lhe um encontrão com a cintura - Às vezes és mesmo muito chato mas eu tenho paciência de santa. - disse com um sorriso malandro e agarrei nas minhas coisas assim que nos trouxeram os nossos pedidos. Sentei-me numa das mesas vazias e olhei para ele novamente - Agora despacha-te a comer que temos de ir.

Sorri com o que ela disse e acabei por fazer um ar meio convencido.
- Tu não vives sem mim, isso isso. - disse-lhe, e eu sabia que eu também já nem sequer era capaz de viver sem ela. Sempre tinha convivido com a Gwen desde que eramos crianças, e portanto agora era muito difícil ter de ficar longe dela. Sentei-me e comecei logo a comer. - Está bem apresadinha.

Deitei-lhe a língua de fora depois de ele dizer que eu não vivia sem ele e comecei a comer o meu queque e a beber o meu frapuccino. Era verdade, já não me conseguia ver a viver sem ele. A minha mãe e os pais dele tinham sido amigos desde sempre e isso tinha feito com que eu e o Julian nos déssemos bem desde pequenos. E claro, depois do meu pai nos abandonar eles tinham ajudado bastante a minha mãe e até a mim - As pessoas com um emprego têm tendência a preocupar-se por chegarem atrasadas. - provoquei com um sorriso nos lábios.

Fiz-lhe uma careta e pus-me a comer o meu queque e a beber o café. Revirei os olhos ao que ela me disse.
- Que belo emprego. - disse-lhe e deitei a língua de fora. - E é bem melhor estar à boa vida, como eu, do que a trabalhar. - pisquei-lhe o olho.

- Por isso é que estou lá eu e não tu. - respondi-lhe com um sorriso afetado enquanto continuava a comer. Tirei um guardanapo para limpar a boca mal acabei de comer o queque que eu tinha pedido e olhei para o Julian - Se eu pudesse estar na boa vida não trabalhava. - custava-me ver a minha mãe a trabalhar bastante e a fazer de tudo para me ajudar a ir para a escola de dança e tinha sido por isso que tinha começado a trabalhar, para a ajudar com as coisas de casa, arranjar dinheiro para a escola e facilitar-lhe as coisas.

Revirei os olhos com o que ela disse e encolhi os ombros acabando de comer o queque e também de beber o meu café.
- Sim, eu sei. - disse-lhe, e admirava muito o que ela tentava fazer para assim ajudar a mãe, mas isso não fazia com que aquele emprego se tornasse mais agradável aos meus olhos. - Já comeste? - perguntei-lhe.

Deixei ficar aquele assunto por ali porque sabia que não valia a pena continuarmos a discutir o mesmo, ele nunca ia mudar de ideias e eu nunca ia deixar o meu trabalho que me dava bastante dinheiro e onde fazia uma coisa que gostava. Assenti com a cabeça e levantei-me - Sim, por isso mexe esse rabo que temos de ir embora. - agarrei na minha mala e olhei para as horas para ter a certeza que não estava atrasada.

Levantei-me também e não consegui evitar rir-me levemente por ela estar toda apressada.
- Não vais chegar atrasada, não te preocupes. - disse-lhe e depois puxei-a comigo para fora do starbucks. - Apanhámos um taxi? - perguntei olhando de relance para ela.

- Nunca se sabe ainda por cima contigo ansioso que eu chegue atrasada. - disse deitando-lhe a língua de fora. Olhei em volta e encolhi os ombros ao ouvir a pergunta do Julian, assentindo com a cabeça assim que vi um táxi não muito longe do sítio onde nos encontrávamos - Sim, anda que está ali um. - disse puxando-o para que viesse comigo.

Comecei a rir-me.
- Até parece que estou a fazer alguma coisa para chegares atrasada. - disse num meio tom de resmungo. Olhei para o taxi que estava um pouco mais à frente e deixei que me puxasse para o mesmo. Abri a porta para ela entrar, e depois entrei eu, disse a morada ao taxista e ele levou-nos para lá.