Garagem

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Levantei o olhar das minhas mãos para Ariel quando começou a falar. Mordi ligeiramente o lábio com o seu relato. Eu não tinha tido azar, era mesmo porque era um desastrado que não sabia tomar conta de mim. - Eu queria... - juntei as sobrancelhas quando disse que todos se orgulhavam de mim e abanei a cabeça olhando para a minha casa ao longe, vendo-nos entrar na garagem.

Olhei para Ariel, sorrindo quando começou a falar com ele, e fui calado todo o caminho só parando em casa. Ela tinha razão em tudo o que estava a dizer, mas tinha a certeza que tinha que ser eu a dizer-lhe que estava orgulhoso, não sabia como o fazer, ele ia pensar que era dito de forma forçada ou que não era verdade e só para o deixar feliz, mas isso não era verdade, eu estava mais que orgulhoso dele. Sò queria que continuasse assim mesmo quando eu fosse...

Eu sabia como é que ele se sentia, eu sabia o que era querermos ganhar e acontecer alguma coisa que nos impeça de o conseguir. Eu sabia como era o sentimento de frustração de estarmos perto da vitória e de repente, tudo ir por água a baixo. Eu sabia, eu sabia como é que ele estava, eu compreendia-o.
- Vai ficar tudo bem.- disse ainda a olhá-lo.- vais ver.- sorri-lhe e assim que me virei de novo para a frente, já estávamos em casa deles. Desapertei o cinto, com um pequeno suspiro e olhei Ryan.- falamos depois?

Fiquei a olhar para o meu irmão que apenas forçou um sorriso e com uma mão disse-lhe adeus, indo ele para o quarto. Mordi o lábio assentindo com a cabeça - sim, eu ligo-te ou tu ligas-me ou... - encolhi os ombros e dei-lhe um biejo na bochecha - até logo. Obrigado por lhe falares destas coisas. Também te faz bem a ti.

Disse adeus também a Dylan, suspirando baixinho com o seu estado e virei depois a cara de novo para Ryan, a tempo de sentir o seu beijinho. Sorri levemente, assentindo e mordisquei o meu lábio.
- Eu só espero ter ajudado em alguma coisa.- confessei baixinho e estiquei-me para retribuir o seu beijinho.- fala com ele com calma, vai correr tudo bem.- disse e olhei-o.- e qualquer coisa sabes onde me encontrar, até logo.- murmurei com um pequeno sorriso e saí do seu carro.

Olhei para ela e antes que saísse do carro agarrei-lhe na mão - queres que te leve a casa? - perguntei - eu tenho tempo até falar com ele, ele agora deve querer ir dormir - já o conhecia o suficientemente bem para saber que me ia evitar a todo o custo, mas não ia conseguir para sempre.

Estava prestes a sair da garagem quando senti uma mão agarrar-me no braço e logo a seguir ouvi a voz de Ryan. Parei de andar, olhando para trás e mordisquei o meu lábio.
- Não é preciso, já tiveste muito trabalho comigo hoje.- disse baixinho e encolhi os ombros. Não que eu não quisesse, porque queria, mas também não queria abusar.- eu vou a pé, não fica muito longe.

Mordi o lábio abanando a cabeça quando disse que tinha dado muito trabalho hoje.
-Não, eu levo-te, não me custa nada, e ele não vai querer falar comigo hoje, preciso de me distrair - sorri um bocadinho puxando-a ligeiramente - fica, eu levo-te a casa da tua mãe - sorri-lhe.

Mordi o lábio enquanto o olhava e fiquei a ponderar no que dizer. Ele conhecia o irmão dele, não era? E se ele dizia que eles não iam falar hoje, é porque se calhar não iam mesmo. Cheguei-me mais para ele assim que me puxou e acabei por assentir, passando as mãos pelo seu peito, como uma festinha.
- Está bem, eu aceito.- sorri-lhe.- obrigada.

Passei uma mão pelo seu braço que passava pelo meu peito e baixei-me até ela, beijando-lhe os lábios. Eu nem sequer tinha pensado fazer alguma coisa parecida, simplesmente o tinha feito. Aproximei-me mais dela, com cuidado e passei uma mão pela sua cintura, não conseguindo impedir mais uma vez o que estava a fazer.

Subi o meu olhar para ele, deixando os meus dedos deslizarem pelo seu peito e mais uma vez, os meus olhos pararam nos seus lábios. Engoli em seco, passando a língua pelos meus e já só o senti beijar-me depois. Apertei a sua camisola nas minhas mãos, puxando-o mais para mim e agarrei-me ao seu pescoço, colando o meu corpo completamente ao seu enquanto o beijava. Eu não conseguia pará-lo, nem sequer conseguia impedir, porque eu também queria.

Ainda me tentei aproximar mais, mas já não conseguia, afastei os meus lábios apenas por uns segundos quando já não conseguia respirar como deve de ser e fechei os olhos de novo, roçando os meus lábios nos dela. Quando percebi que era mesmo melhor afastar-me totalmente, olhei-a durante uns segundos, começando a fazê-lo, encostando-me ao banco.

Isto era de loucos. Eu estava louca, só podia. Eu só queria beijá-lo mais e mais, eu só queria tocar-lhe mais e mais. Nunca me tinha acontecido, nunca tinha sido assim, nem mesmo com Tom. Fechei os olhos com força, sentindo os seus lábios afastarem-se dos meus e quando os fui abrindo devagar, vi-o a afastar-se. Mordi o lábio com força e por mais que eu tentasse, não consegui impedir-me de me aproximar de novo dele e puxá-lo de novo para mim.
- Não digas nada.- pedi, com os lábios encostados aos seus e afundei as mãos no seu cabelo, encaixando os meus lábios nos seus.

Eu acho que ela era maluca e que eu já tinha endoidecido, realmente, morrer por causa do nosso cerebro levava a alguma decandência, a minha estava a acontecer agora. Não que eu não quisesse, ou não que ela fosse má para mim, nada disso era verdade. Era a minha decadência porque estava a magoar uma pessoa, ainda por cima, ela sabia disso. Ou se calhar nem pensava. Puxei-a mais para mim, fazendo-a encostar-se ao meu carro.

Soltei um suspiro baixo assim que o meu corpo embateu no seu carro e levei as mãos à sua camisola, apertando-a enquanto o puxava mais para mim. Este era o meu fim, eu estava a dar em maluca. Eu sabia que isto era um risco, além de ser um erro, era um risco. Para os dois. Mas o pior de tudo é que eu não parecia assim tão preocupada com isso. Oh por favor, internem-me já. Encostei a minha testa à sua, ao mesmo tempo que o beijo cessava e atrevi-me a olhar os seus olhos. Abanei a cabeça, para o caso de ele ir dizer alguma coisa e deitei a minha cabeça no seu peito, agarrada à sua camisola, enquanto tentava controlar a minha respiração ofegante.

Fiquei de olhos fechados com a testa encostada à sua mal o beijo cessou. Isto não ia acabar bem, ambos saímos disso, mas acho que tudo importava menos o importante. Quando abri os olhos para dizer alguma coisa vi-a abanar a cabeça e abracei o seu corpo, sorrindo um bocadinho enquanto encostava a cabeça em cima da sua.

Fechei os olhos com um suspiro mal a minha respiração abrandou e rocei o meu nariz no seu peito, passando as pontinhas dos dedos pelas suas costas enquanto me deixava estar encostada a ele. Eu só fazia asneiras, devia tê-lo deixado afastar-se, mas a verdade é que não me arrependia, e sabia-o pelo simples facto de querer repetir.
- O meu irmão não parou de falar de ti enquanto o levava para a escola.- sorri de olhos fechados.- acho que ele te quer agradecer por o teres ajudado com a Cate.

Fechei os olhos encostando a minha cabeça à dela e sorri quando falou. - Eu acho.. - arrependi-me do que ia dizer e mordi o lábio com força levantando a cabeça abanando a mesma e engolindo em seco, olhando-a depois para a conseguir olhar - é melhor não o ver, está bem? - perguntei - vou só levar-te a casa- murmurei.

Estava encostadinha ao seu peito, a fazer-lhe festinhas nas costas quando o ouvi começar a falar. Juntei as sobrancelhas assim que disse que era melhor não ver o Mike e levantei o olhar para ele.
- Porquê? - perguntei baixinho, sem perceber.- não gostaste dele? - não que ele tivesse de gostar, nós não tínhamos nada, mas mesmo assim.

Engoli em seco ao perceber que ela não tinha percebido. Abanei logo a cabeça, agarrando-lhe na bochecha para que ela não duvidasse. - Não, eu gosto muito dele. Eu gosto de crianças. Eu gostei dele, mas... se calhar gostei de mais e... - juntei as sobrancelhas, queria que ela percebesse sem que eu lhe contasse, não queria repetir as mesmas palavras de sempre.

Encostei a minha cara mais às suas mãos, abraçando-lhe a cintura e fiquei a olhá-lo enquanto me explicava, assentindo logo com a cabeça assim que me percebi ao que ele se referia. O meu coração ficava tão apertadinho só de pensar, que eu preferia nem fazê-lo. Coloquei-me em biquinhos dos pés, para conseguir aproximar as nossas caras e dei-lhe um beijinho nos lábios.
- Não te preocupes, não vais ter de entrar.- olhei os seus olhos.- vais só levar-me e voltas.

Apesar de a querer ir levar, agora que pensava eu sabia que não ia resistir, eu tinha mesmo gostado do miúdo e ia querer vê-lo. Eu era tão egoísta, podia não querer fazer sofrer ninguém mas quando mais tentava pior fazia. Fechei os olhos quando me voltou a beijar e assenti com a cabeça - anda, vamos agora - murmurei apertando-lhe a mão.

Por mais que eu tentasse pôr-me no lugar dele, não fazia a mínima ideia de como era saber que se ia morrer mais tarde ou mais cedo. Não sabia o que era ter a noção de que já só tínhamos alguns meses de vida, que de um momento para o outro se podiam transformar em dias. Por mais que eu tentasse, eu não fazia a mínima ideia do quanto ele estava a sofrer. Engoli em seco, sentindo o meu coração falhar uma batida e entrelacei os meus dedos nos seus, assentindo.
- Vamos.- murmurei baixinho, afastando-me apenas quando foi preciso entrar no carro.

Fui para o lugar do condutor e esperei que ela estivesse pronta para fazer marcha atrás e arrancar em direcção da sua casa. - Ele conseguiu fazer as pazes com a Cate? - perguntei com um sorriso olhando-a pelo canto do olho para também estar com atenção à estrada - os meus truques funcionaram? - ri-me.