Hospital

Assenti com a cabeça à pergunta de Ryan, sentando-me na cadeira que estava já perto da sua cama e quando abri a boca para lhe falar, ouvi a porta abrir-se. Juntei as sobrancelhas, olhando para trás por cima do ombro mas logo descansei ao ver que era o médico. Ou melhor, só ia descansar mesmo quando soubesse o que é que ele estava ali a fazer. Recostei-me na cadeira, suspirando baixinho enquanto o ouvia falar com Ryan, mas logo me endireitei, sorrindo ligeiramente com a possibilidade de Ryan poder voltar para casa. Além de não gostar de hospitais, tinha perfeita noção de que ele estaria muito mais confortável em casa.
- Vai correr tudo bem.- disse, antes que Ryan começasse com os seus pessimismos e depois estiquei-me até lhe agarrando na mão, sorrindo ao médico quando também me sorriu.

O médico apontou uns números quaisquer e saiu do quarto fazendo-me olhar para Ariel. - O que é que pode correr pior? - perguntei - descobrir que afinal continuo com cancro? - encolhi os ombros decidindo que me tinha que calar ou ela ia zangar-se outra vez. Olhei para o meu irmão que dormia cerrado e suspirei. Sentia-me cada vez mais preso e se continuasse naquela cama por muito mais tempo ia começar a passar-me.

Estava ainda a agarrar na mão de Ryan quando o médico se foi embora e ele disse o que disse. Mordi a parte de dentro da minha bochecha, endireitando-me na cadeira e, consequentemente, largando-lhe a mão, mas nem por isso deixei de o olhar.
- Sabes o que é que podia ser pior? - tentei não me exaltar demasiado.- tu teres morrido.- abanei a cabeça, fechando as mãos com força.- não estares aqui agora, isso sim era pior.- desviei o olhar para a janela.- mas se preferes continuar a desvalorizar o facto de estares connosco e vivo, tu é que sabes Ryan.

Suspirei por ter feito aquela conversa voltar à tona e desviei o olhar dela, virando a carapara a janela, para onde ela foi depois. Mordi o interior da bochecha respirando fundo e fiz força nas mãos até conseguir sentar-me. Fechei os olhos com um suspiro sentindo-me meio atordoado e encostei o corpo à parede e aos ferros da cama, que não eram muito confortáveis mas naquele momento estava melhor do que deitado - pronto, desculpa - disse meio contrariado.

Fiquei a olhar para o céu, visto que estava junto da janela, e encostei depois a cabeça à parede, ao mesmo tempo que ouvi Ryan pedir-me desculpa. Eu estava cansada, em todos os sentidos, e o facto de ele desvalorizar o facto de estar vivo, por muito difícil que fosse não sentir as suas pernas, só me deixava mais cansada ainda.
- Eu não preciso que me peças desculpa se não é isso que sentes.- murmurei apenas, baixando o olhar para o jardim do hospital e suspirei baixinho, fechando os olhos durante uns segundos.- pede-me desculpa quando te sentires realmente arrependido de estares a desvalorizar o facto de estares aqui connosco.- mordi o lábio com força para me manter calma.- mesmo que não esteja a ser fácil.

Baixei o olhar brincando com os meus dedos e suspirei de olhos fechados. - Se calhar é melhor ires - murmurei. Estava farto de a magoar de lhe dar responsabilidades que ela não precisava de ter. Por mais que quisesse pensar como ela era-me impossível. Ela podia saber o que era não conseguir fazer a coisa que mais gostava, mas pelo menos, ela tinha uma alternativa, que era ultrapassar o medo, já eu... Olhei para o meu irmão, ainda a dormir e mordi o interior da bochecha - e leva-lo para casa. - pedi clareando a garganta. É claro que não queria que nenhum deles fosse embora, mas era o melhor para os dois.

Assim que ouvi Ryan falar tive de baixar o olhar para as minhas mãos, apesar de ele não me conseguir ver, uma vez que estava de costas. Eu não queria estar chateada com ele, aliás, era a última coisa que queria naquele momento, eu só queria era que ele percebesse a sorte que tinha por estar ali. Abanei a cabeça, passando uma mão pela bochecha assim que senti uma lágrima deslizar pela mesma e, sem aguentar mais, virei-me na sua direcção, aproximando-me dele até me sentar na cama e o olhar.
- Eu não vou a lado nenhum.- murmurei, agarrando-lhe na cara para que me olhasse.- porra Ryan, eu não quero estar assim contigo.- senti o queixo tremer.- eu só quero que percebas que é uma sorte estares aqui, mesmo que não te pareça isso.- desci as minhas mãos até às suas, apertando-lhas.- eu não sei o que estás a sentir, mas eu sei o que senti quando pensei que te ia perder.- deixei que as lágrimas corressem.- e eu não quero sentir isso de novo.- entrelacei os meus dedos nos seus.- só te peço que lutes, por nós, pelo teu irmão..- funguei.- porque no que depender de nós, nós vamos ajudar-te a ultrapassar tudo isto.- assenti.- só tens de lutar connosco, por favor.

Quando ela se aproximou de mim tão séria eu pensei mesmo que se ia embora chateada, mas não. Olhei-a apenas porque me obrigou e mordi o interior da bochecha enquanto a via desmanchada em lágrimas - eu não estou a desistir - murmurei - já estou vivo, não me parece que vá morrer porque quero - tive que clarear a garganta e encolhi os ombros - e também não sei pelo que lutar. Gostava só de ir para casa - continuei num tom baixo e vi o meu irmão levantar-se, depois de acordar. - Vai para casa - mandei apenas a Dylan sem lhe dar chance de resposta.

Para bem de todos decidi ignorar a parte em que disse que não ia morrer apenas por querer. Se desse ouvidos ao que dizia o mais provável era não conseguir parar de chorar e isso, era a última coisa de que precisava. Soltei um suspiro, não tendo tempo de dizer mais nada, por ter falado com Dylan e acabei por me levantar, passando ambas as mãos pelas bochechas para as limpar. Sentei-me na cadeira, fechando os olhos durante uns breves segundos e só os abri depois para olhar Dylan.
- Podes ir, ele fica bem.- prometi-lhe.

-Vai - mandei a Dylan, quando ele abriu a boca para protestar e felizmente, ele não me contradisse. Suspirei cansado e passei uma mão pela minha testa, que ainda estava embrulhada. Fiquei de olhos cansados durante alguns minutos, em completo silêncio, e devo até ter adormecido durante um bocadinho porque quando os abri o médico já estava ao pé de mim, a ver se eu acordava. - o que foi? - perguntei ainda dormente e vi o médico.
-Vim busca-lo para ir fazer os exames antes que as visitas cheguem - revirei os olhos ao médico e encolhi os ombros.
-Não tenho visitas, por isso pode ser a qualquer hora do dia. - comentei e olhei para Ariel - ela pode ir comigo?
-Não, mas isto só vai demorar uns minutos.

Fiquei a olhar para Dylan ir-se embora e, quando me virei de novo para Ryan, consegui ouvir a porta ouvir-se. Juntei as sobrancelhas, olhando para trás por cima do ombro, para ver se se tinha esquecido de alguma coisa ou assim mas não, não era Dylan, era o médico de Ryan. Mordisquei o lábio inferior, sentindo-me ficar preocupada só com a sua presença mas nem tive tempo de dizer nada, visto que Ryan perguntou logo o que ele estava ali a fazer. Endireitei-me na cadeira, passando ambas as mãos pelo meu cabelo e fiquei a olhar os dois, descansando ligeiramente ao perceber que apenas estava ali por causa dos exames.
- Vai, eu fico aqui à espera.- disse para Ryan, assim que deu para perceber que eu não podia ir com ele.- não te preocupes.

-Só uns minutos - repeti o que o médico me tinha dito a mim e assenti. O médico fez o mesmo e foi embora apenas por uns segundos para depois trazer uma cadeira de rodas. - É suposto ir aí? - perguntei assim que ele se aproximou e abanei a cabeça - eu não vou assim. - disse puxando as mantas para cima de mim, até estarem por cima dos ombros.
-Mas... - o médico suspirou - eu vou buscar a maca. - disse ele. Suspirei fechando os olhos por uns segundos, olhando depois para Ariel.
-Devias aproveitar e ir a casa - disse antes que ela começasse a resmungar comigo de novo.

Olhei para a cadeira de rodas que o médico trouxe consigo depois de ter saído do quarto apenas durante uns segundos e desviei depois o olhar para Ryan, mordiscando o meu lábio inferior de forma nervosa ao ver a forma como olhava para ela. Eu sabia que ele não ia querer sentar-se ali, estava mais do que estampado nos olhos dele. Suspirei, quando deu voz aos meus pensamentos e ia sugerir que o ajudássemos a caminhar até à sala dos exames, mas logo me lembrei que nem isso conseguia.
- Tens de ir para lá de alguma forma Ryan.- disse, atrevendo-me a olhar os seus olhos, mas eu sabia que de nada valia. Esperei que o médico arranjasse uma solução, ouvindo-o logo falar de uma maca e ia tentar convencê-lo, mas pareceu-me que aceitara aquela sugestão, ainda que contrariado. Debrucei-me sobre a cama, esticando uma mão até tocar numa das suas e agarrei nela, até a conseguir apertar, eu podia estar chateada mas não ia deixar de estar ali para ele.- eu vou ficar aqui.- murmurei assim que falou em eu ir para casa.- só vou para casa quando fores também. - dei-lhe um beijinho nas costas da mão.- sou a tua visita, por isso despacha-te.

-O teu irmão precisa de ti, já passaste muito tempo longe. - encolhi os ombros - eu não saio daqui. - ironizei sem grande entusiasmo. Não me importava que ela fosse embora ter com a família e que depois voltasse, preferia que ficasse comigo, mas se ela não estivesse comigo talvez até ficasse mais feliz. O médico entrou com um enfermeiro com uma maca e eu olhei para Ariel - está bem - murmurei vendo a outra cama ficar ao meu lado. O médico destapou-me e eu levantei a cabeça, mas não consegui fazer muito mais que isso, só me consegui mexer a partir do momento em que pousei os cotovelos na cama. O enfermeiro veio ter comigo e assim que o vi aproximar as mãos das minhas pernas eu olhei-o - não preciso de ajuda. - disse logo num tom frio e ele afastou as mãos ficando apenas a olhar-me.
-Ryan...
-Eu não preciso de ajuda, eu consigo - voltei a repetir e era bom que não voltassem a obrigar-me a fazê-lo. Demorei alguns segundos até fizer só com as costas na maca e fiz força para agarrar nas minhas pernas com as mãos, mas só o fato de fazer isso não me sentia muito bem.
-Eu vou ajudar. - informou o médico antes que eu fizesse algo que magoasse alguém e assim que o fez, fiquei apenas calado e deitado na maca.
-Não quero demorar.

- Eu vou ficar aqui.- disse apenas, assim que voltou a insistir. Recostei-me na cadeira, ficando em silêncio até ao médico voltar e, assim que voltou, desviei o olhar até à maca que trazia, não conseguindo não mordiscar o meu lábio inferior de forma nervosa. Eu sabia que Ryan não conseguia passar de uma cama para a outra, mas também duvidava que, no estado em que estava, aceitasse ajuda de alguém. Eu sabia que tudo o que ele menos queria sentir, ou melhor, tudo o que ele menos queria que o fizessem sentir era que estava inválido, apesar de ser isso que ele pensava. Suspirei, ouvindo-o confirmar os meus pensamentos e fiquei apenas a olhá-lo, não dizendo nada enquanto o via tentar. Olhei o enfermeiro, pedindo-lhe com o olhar que não insistisse, mas, assim que vi as dificuldades que estava a ter, até eu me levantei, se bem que não fui a tempo. Endireitei-me, passando as mãos pelo cabelo e, antes que saíssem do quarto aproximei-me de Ryan, aproximando-me até lhe conseguir agarrar na cara.- amo-te, está bem? - olhei os seus olhos, esticando-me depois para lhe beijar os lábios.- tenta manter a calma.- pedi, afastando-me depois ligeiramente para que pudessem ir.

Eu estava com tanta raiva junta que, mesmo quando Ariel se aproximou e me agarrou na cara, para que a olhasse, eu não a consegui ouvir. Cerrei o maxilar enquanto empurravam a cama onde eu estava. Mal conseguia ver o caminho porque, para além de estar completamente deitado e de me estar a sentir demasiado atordoado para levantar a cabeça, também o caminho estava desfocado por causa das lágrimas que se tinham formado nos meus olhos, mas que não deixei cair. Sentia o olhar do médico posto em mim e agradeço-lhe bastante por não dizer nada, pois caso contrário eu ia começar a gritar. O sentimento de frustração e incapacitação que tinha dentro do meu peito tornava-se cada vez maior à medida que o tempo passava e era mesmo muito melhor que ele não comentasse nada à cerca disso.
Meteram-me dentro de uma máquina durante uns dez, vinte minutos, eu adormeci, pelo que nem me lembro, mas quando acordei já estava de novo no meu quarto e uma enfermeira tirava-me sangue do braço, enquanto o enfermeiro mexia nas minhas pernas. Não que as sentisse, mas conseguia vê-lo. - Saia daí - disse entre dentes. e ele, ao perceber que lhe falava apenas levantou as mãos e deu dois passos para trás.

Eu não sabia o porquê de isto me acontecer, o porquê de todos aqueles que eu amava sofrerem de problemas que, a qualquer momento os poderia afastar de mim, mas desta vez, eu não deixar que acontecesse o mesmo que tinha acontecido com Tom. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse, eu ia ajudá-lo a ficar bom e a suportar tudo aquilo pelo que estava a passar. Fechei os olhos durante uns segundos, inspirando uma grande quantidade de ar que só voltei a largar quando os voltei a abrir. A única coisa de que precisava agora era de me acalmar para quando Ryan voltasse. Levantei-me da cadeira, aproveitando para ir beber um café enquanto esperava que os exames acabassem e dei também uma pequena volta pelo hospital, apenas para esticar as pernas. Estava ali há demasiado tempo e sentia-me demasiado cansada, precisava de despertar de alguma das formas. Voltei para o quarto, sentando-me de novo na cadeira e pouco depois, e felizmente, o médico e o enfermeiro voltaram com um Ryan adormecido.
- Como correu? - perguntei assim que chegaram, ouvindo-os dizerem-me que Ryan estivera algo ansioso durante todo o exame, o que era perfeitamente normal. Assenti, chegando a cadeira mais para perto da cama e agarrei-lhe na mão, ficando a acariciar a mesma até o sentir acordar. Forcei-me a dirigir-lhe um sorriso que logo desapareceu ao ouvi-lo.- Ryan, tem calma.- pedi baixinho, olhando pelo canto do olho para o enfermeiro e suspirei, abanando a cabeça.- olha para mim.- pedi, apertando-lhe a mão.- respira fundo, eles só estão a ajudar-te.

Mordi o lábio com força quando Ariel me voltou a obrigar a olha-la e abanei a cabeça. - Manda-o ir-se embora - pedi baixinho - por favor. - continuei no mesmo tom. Fazia-me confusão ver que estavam a tocar-me e não sentir nada. Respirei fundo antes que começasse a ofegar e isso deixava-me a cabeça a doer ainda mais do que antes.
-Não se preocupe, eu já acabei - ele sorriu a Ariel e saiu, fazendo-me olha-la.
-Ele tem um sorriso bonito - comentei com um sorriso cínico e forçado - e pode andar. - fiz uma pequena pausa - é melhor para ti.

Juntei as sobrancelhas enquanto o olhava, vendo o estado de nervos em que se encontrava, e assenti ao que disse, mas assim que desviei o meu olhar para o enfermeiro, já ele se estava a ir embora.
- Obrigada.- murmurei apenas, esperando que fechasse a porta e assim que o fez, olhei de novo para Ryan, revirando os olhos mal ouvi a primeira coisa que disse.- a sério Ryan? - controlei-me para manter um tom calmo.- pára com isso.- disse.- eu amo-te a ti, não é a ele nem a mais ninguém.- olhei-o.- e pouco me importa se pode andar ou não, o melhor para mim és tu.- entrelacei os meus dedos nos seus.- não comeces com essas coisas, o meu amor por ti não vai diminuir só porque não consegues andar por enquanto.- encolhi os ombros.- eu amo-te, de qualquer das formas. Só a ti.- levei a sua mão à boca, roçando os lábios na mesma.- consegues perceber isso?

Engoli em seco, apesar de ter gostado da sua resposta. - Já falaste com a tua mãe? - perguntei tentando mudar de assunto. Não sabia o que é que tinha na cabeça para lhe dizer tantas coisas estúpidas ultimamente, eu não era assim. Desviei o olhar para a janela, vendo que estava novamente sol. Estava tão farto de estar ali. Tentei ajeitar-me de alguma forma naquela cama para que ela viesse para perto de mim. - Queres vir para aqui? - perguntei baixinho.

Agradeci mentalmente por não insistir mais naquele assunto, se bem que o seu silêncio não me deixava lá muito descansada, mas resolvi não dizer mais nada também, pelo menos por enquanto. Endireitei-me, sem nunca largar a sua mão, e assenti à sua pergunta, brincando com os seus dedos.
- Falei.- disse.- ela prometeu passar por cá com o pirralho para te fazerem uma visita.- sorri ao de leve.- e para me trazer alguma roupa.- fiz uma pequena careta ao olhar para mim. Precisava de algo lavado e que cheirasse bem, devia estar com um aspecto horrível. Levantei de novo o olhar para a sua cara, vendo-o afastar-se mas logo percebi o porquê ao ouvir a sua pergunta.- estava a ver que não perguntavas.- murmurei, num tom mais animado, na esperança de que o ambiente se aligeirasse. Levantei-me, puxando as mantas para trás e deitei-me ao seu lado, roçando o meu nariz na sua bochecha.- é agora que me vais dar um beijinho? - sorri levemente.- estou à espera desde manhã.

Olhei-a mais alarmado ao ouvi-la. - Eu não quero que me vejam - disse. Só de imaginar as perguntas do irmão dela, dava-me logo uma dor de cabeça pior do que a que já tinha. Calei-me por saber que ela precisava de roupa nova, aquela já não devia ser muito confortável. Sorri de modo meio forçado quando falou animada e encostei a cabeça ao seu ombro de olhos fechados. - Não lavei os dentes - murmurei dando-lhe apenas um beijo no queixo.

Ambas as minhas sobrancelhas se ergueram, ao vê-lo ficar mais irrequieto de repente e logo suspirei ao ouvi-lo.
- Nem se eu te prometer que o Mike não faz perguntas? - olhei-o.- eu achei que te ia fazer bem, mas se não quiseres eu peço apenas à minha mãe que me traga roupa, nem precisa de aqui entrar.- encolhi os ombros. Cheguei o meu corpo mais para perto do seu, deslizando os dedos pelo seu cabelo e baixei o olhar para ele ao sentir o seu beijinho, revirando os olhos juntamente com um sorriso ao ouvi-lo.- pareço-te preocupada com isso? - perguntei, nem deixando que respondesse.- mas se não dás, dou eu.- disse, baixando ligeiramente a cabeça e dei-lhe um beijinho pequenino, encostando depois a cabeça à sua.

Fiquei a pensar na sua pergunta e, se não tivesse pensado, ia responder de novo que não, mas... ele ia ficar triste e eu odiava ver aquele puto triste, ainda para mais por minha causa. Suspirei encolhendo os ombros e continuei na mesma posição - podes deixa-lo vir - murmurei - isso quer dizer que eles estão quase a chegar não é? - perguntei no mesmo tom. Olhei-a quando a vi aproximar-se e beijar-me e deixei o que fizesse, chegando mesmo a corresponder. - como é que é suposto ir para o meu quarto agora? - mordi o interior da minha bochecha. Eu era muito maior do que o meu irmão para que ele me conseguisse agarrar.

Fiquei encostada ao seu corpo, completamente em silêncio até o ouvir dizer-me que Mike e a minha mãe o podiam vir visitar. Sorri levemente, levantando a cabeça para o voltar a olhar e estiquei-me até lhe beijar a bochecha, acariciando ao mesmo tempo a palma da sua mão com o meu polegar.
- Vais ver que te vai fazer bem.- murmurei.- o meu irmão tem esse dom.- disse na brincadeira, apesar de estar a falar a sério e abracei-me ao seu corpo, mantendo-o bem juntinho a mim até ouvir a sua pergunta. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, ficando em silêncio enquanto pensava no que lhe responder. A verdade era que eu não sabia, não fazia mínima ideia de como o ajudar.- não sei.- disse baixinho.- mas eu e o Dylan arranjamos uma solução.- encolhi os ombros.- aliás, nós os dois conseguimos ajudar-te.- assenti, ficando a fazer-lhe festinhas no cabelo.- não te preocupes.