Piscina

Ri-me de como me chamou e abanei a cabeça - não gozes comigo - pedi abraçando-lhe a cintura e indo para uma zona do fundo - ele anda sempre metido em problemas - encolhi os ombros, fazia-me lembrar alguém de quando era da idade dele. Ainda não tinha sido assim à muito tempo atrás, dois anos não eram nada.

Ri-me quando ele também o fez e coloquei-me em biquinhos dos pés até lhe conseguir mordiscar o queixo. 
- Eu não estou a gozar contigo peixe, ficas adorável todo preocupado com ele.- disse com um sorrisinho e quando olhei para baixo, já tinha quase todo o meu corpo debaixo de água.- não me deixes afogar.- pedi muito baixinho.

Assenti com a cabeça quando disse que ficava adorável preocupado com ele e olhei-a, eu tinha que lhe pedir, mas nunca sabia como. -Bate os pés e não te afogas - disse baixinho, eu era bastante mais alto que ela pelo que não me estava a fazer diferença, não valia a pena nadar. - Ariel - murmurei - quero pedir-te uma coisa.

Assenti ao que ele me disse e comecei a fazer o que me tinha dito, começando a dar aos pés devagarinho. Sentia-me uma criança a aprender a nadar, era tão frustrante. Eu sabia fazer aquilo, porque é que o meu corpo não reagia? Tentei concentrar-me em não me afogar e depois olhei-o, juntando as sobrancelhas.
- O quê? - perguntei baixinho, agarrando-me aos seus braços visto que ele era maior e tinha pé.- pede.

Abanei a cabeça quando se agarrou a mim e tentei com que ela batesse os pés - bate os pés - murmurei  de novo beijando-lhe a testa com um meio sorriso. Engoli em seco quando voltei ao outro assunto e respirei fundo - prometes tomar conta do meu irmão? - perguntei baixinho. - Por favor.

Estava a começar a sentir o meu coração a ficar cada vez mais e mais acelerado, não era muito bom sinal. Fechei os olhos ao sentir o seu beijinho na minha testa e apesar de continuar a bater os pés, não larguei os seus braços. Subi o olhar para ele quando percebi que me ia dizer o que queria e mal o pediu, o meu coração apertou-se, fazendo-me ficar de repente com uma enorme vontade de chorar. Eu não queria que..Baixei ligeiramente o olhar, mordendo a parte de dentro da minha bochecha com força e assim que o voltei a subir para ele, assenti.
- Eu tomo.- murmurei. Se era isso que ele queria, se isso o ia deixar mais feliz e descansado, eu fazia isso por ele.

Engoli em seco quando vi a sua expressão mudar e toquei-lhe no queixo levantando-o para que me olhasse. - Devias parar para pensas - murmurei - porque vai acontecer - mordi a parte de dentro do lábio e antes que acabássemos os dois a chorar abanei a cabeça - continua a bater os pés até vires mais ao de cima - mudei de assunto.

Levantei o olhar para os seus olhos assim que me tocou no queixo e mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, abanando a cabeça. Como é que ele podia dizer aquilo? Eu não queria pensar, não queria lembrar-me de que ia acontecer, não o queria perder a ele também. 
- Eu não quero pensar nisso agora.- murmurei.- tens a minha palavra em como vou cuidar do teu irmão.- encolhi os ombros.- mas não me obrigues a pensar nisso.- senti o meu queixo tremer, mas controlei-me a tempo. Tentei distrair-me com outra coisa, ouvindo o que ele me disse depois.- eu não consigo.- abanei a cabeça ainda agarrada aos seus braços.- eu tenho medo.

Não valia a pena insistir. Se ela não queria pensar eu não ia falar nisso mas, se ela amanhã queria ir e se queria tanto entrar, ela ia acabar por se aperceber. E.. na pior das hipoteses ia querer afastar-se de mim. Eu não queria isso, mas percebia-a. Ela já tinha perdido muito. - Consegues sim - contradisse olhando os seus olhos - eu estou aqui não estou? Eu estou a agarrar-te, não te vai acontecer nada, nem a mim nem a ti, eu prometo.

Apesar de me estar a distrair com a nossa conversa, apesar de não ser um assunto sobre o qual eu quisesse falar, eu não me esquecia de onde é que estava e das sensações que aquilo me provocava. Eu não deixava de ter medo, era água, eu ia sempre ter medo. Mordi a parte e dentro do meu lábio com força e subi o olhar para ele, assentindo devagarinho com a cabeça.
- Mas não me largues.- pedi baixinho, começando a fazer o que ele disse, a bater os pés.

Abanei a cabeça com o que ela disse e beijei-lhe a testa. - Não, eu não te vou largar, eu prometo - garanti com um sorriso, abrindo-o ainda mais assim que vi que estava a conseguir bater os pés. Assenti com a cabeça para que ela percebesse que era assim que se fazia e passei as mãos para a sua cintura - agora os braços - eu estou a agarrar-te - mas a verdade é que mal estava a fazer força, apenas lhe estava a tocar.

Respirei fundo, fechando os olhos e apertei os seus braços nas minhas mãos, tentando não o magoar por estar a fazer aquilo. Olhei-o de repente assim que me disse para mexer os braços e juntei as sobrancelhas. Eu não me lembrava disso.
- O que é que eu faço com eles? - perguntei baixinho. Eu queria conseguir, queria que ele ficasse contente, mas por outro lado, só queria sair dali.

Levantei ligeiramente as sobrancelhas com a sua pergunta e respirei fundo, não podia exemplificar, supostamente estava a agarra-la, apesar de só lhe estar a tocar. - Mexes os braços para os lados, assim vais conseguir manter-te com a cabeça acima da água. É mais fácil - assenti com a cabeça mordiscando o interior da bochecha.

Fiquei a tentar visualizar o que ele me estava a explicar e quando consegui perceber, respirei fundo.
- Não me largues.- voltei a pedir, tendo a ligeira sensação de que estava a ser demasiado chata, mas a verdade é que estava a morrer de medo. Tudo bem que ali a água estava parada, mas mesmo assim, não deixava de ter receio. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força e quando larguei os meus braços, comecei logo a mexer os meus, tal como ele tinha dito, rezando mentalmente para não perder o controlo. Estiquei muito a cabeça, enquanto também dava às pernas, para ter a certeza de que não ia ao fundo e olhei-o.- assim? - eu podia estar a conseguir, mas também estava prestes a ter um ataque. O meu coração estava a bater completamente desenfreado, prestes a saltar-me do peito.

-Não largo - garanti apesar de ela estar a manter-se acima da água por sua causa, não por minha. Ela estava nervosa e isso eu percebia, mas de vez enquanto também tinha que puxar por ela, quanto aos ataques, eu ajudava-a. Sorri quando começou a abanar as mãos como eut inha dito e assenti com a cabeça - isso - murmurei vendo a sua expressão de assustada, fazendo-me aproximar a cabeça da dela - estás a fazer tudo sozinha. - disse-lhe baixinho beijando-lhe os labios ao de leve.

Assenti com a cabeça quando ele também o fez e quando os meus braços se começaram a cansar, o meu corpo foi afundando-se ligeiramente. Arregalei os olhos, abanando a cabeça e comecei a mexê-los mais depressa, só levantando o olhar assim que senti os seus lábios nos meus. Agarrei-me ao seu pescoço, com a respiração meio ofegante e quando consegui, trepei até ao seu colo. Sim, eu estava a conseguir, mas não tinha a mesma resistência de antes, já para não falar do medo. Apertei a sua cintura com as minhas pernas e escondi a minha cara no seu pescoço, fechando os olhos com força. Sentia-me toda a tremer.
- Abraça-me.- pedi baixinho.

Quando a vi a ir ao fundo engoli em seco deixando que ela se agarrasse a mim. Parecia que tinhamos muito caminho a percorrer. Mas eu não tinha tempo. Cerrei o maxilar para não começar a fazer coisas que não queria e agarrei-a com força contra mim, abraçando-me tal como me tinha pedido. - Está tudo bem. - disse baixinho - fizeste tudo bem. Estou orgulhoso de ti. - podia parecer pouco, mas era muito para ela.

Deixei a minha cabeça ficar escondida no seu pescoço, enquanto eu tentava regular a minha respiração e agarrei-me ao seu corpo, como se ele pudesse fugir dali a qualquer momento. Senti-me aliviar ao ouvir as suas palavras, era bom saber que se orgulhava. Mas mesmo assim, eu sabia que não era aquilo que ele queria.
- Eu aceito ir debaixo de água se fores comigo e mergulharmos assim.- murmurei com a voz abafada

Levantei o olhar para o seu sorrindo com o que ela disse e assenti encostando os meus lábios à sua bochecha até lhe dar um beijinho - eu ajudo-te - disse baixinho procurando os seus lábios até a beijar e agarrar-lhe nas pernas - anda, eu vou contigo - disse contra os seus lábios.

Levantei a cara assim que senti o seu beijinho na minha bochecha e depois, levei a minha mão à sua, fazendo-lhe festinhas na mesma enquanto o beijava. 
- Vamos mergulhar os dois juntinhos? - perguntei com um sorriso ligeiro e tapei o nariz com os dedos.

Sorri assentindo com a cabeça e dei-lhe um último beijinho. Agarrei-a com força para que ela não escorregasse e ri-me quando a vi de nariz tapado - um - comecei - dois- rocei o meu nariz no seu maxilar - três - disse mais alto puxando-a para baixo. Abri os olhos com algum esforço e aproximei-me da sua cara até lhe dar um beijinho nos lábios.

Destapei o nariz só para corresponder ao seu beijo, mas rapidamente o tapei de novo, agarrando-me bem a Ryan com o único braço que o rodeava. A cada número que ele contava, o meu coração aumentava também o número de batidas, e estava a bater tão rápido e forte que conseguia ouvi-lo como se cá estivesse fora. Fechei os olhos com força assim que chegou ao três e inspirei, já só me sentindo depois debaixo de água. Estar ali fazia com que todas as minhas recordações ficassem ainda mais nítidas. Eu tinha estado muito tempo debaixo de água, enquanto sentia coisas virem contra o meu corpo. Apesar de agora não estar nada na água, não conseguia deixar de me lembrar. Abri os olhos devagarinho assim que senti os seus lábios nos meus e para o beijar, acabei por destapar o nariz. Sabia que a minha respiração já não era a mesma coisa, mas pelo menos ainda conseguia.

Tentei aproximar-me mais dela puxando-a mais para mim para que sentisse protegida mas também para a conseguir beijar e assim que o parei de fazer trouxe-a ao cimo indo depois dela com um sorriso - Viste? Foi giro não foi? - perguntei puxando-a para mim com um abraço. Agora o que eu precisava de fazer era mesmo de ir dormir, a minha cabeça estava a doer como se alguma coisa fosse rebentar.

Agarrei-me ao seu pescoço, correspondendo ao seu beijo, mas aos poucos fui sentindo o ar que tinha nos pulmões fugir. Agradeci mentalmente por ele nos ter trazido para cima e passei as mãos pelos olhos, para os conseguir abrir. Eu tinha mesmo conseguido. E tudo, graças a ele. Desviei o olhar para Ryan, já só sentindo a minha bochecha espalmar-se contra o seu peito e abracei-me ao seu corpo, assentindo.
- Sim.- murmurei baixinho, ainda com o coração aos pulos.- obrigada.

Comecei a tira-la da água, tinha medo de me sentir mal ali e ela não conseguir fazer nada. - Vamos sair, já fizeste muito por hoje - sorri-lhe levemente largando-a para que ela andasse livremente. Olhei-a quando me enrolei numa toalha e dei-lhe outra sorrindo levemente - eu vou para o meu quarto - disse querendo saber se ela ainda ia ficar comigo.