Sala de Estar

Assenti com a cabeça e voltei a deitar-me tal como estava pouco me importando com o calor ou não. - Eu estou bem - suspirei, ainda. Levantei a cabeça apenas para olhar para a porta e mordi o lábio - ele ainda não chegou, pois não?

Fiquei a seguir todos os seus movimentos com o olhar. Acho que tal como ele, estava com medo que tivesse outro ataque. Suspirei baixinho, voltando a tocar-lhe no cabelo com as pontinhas dos dedos e abanei a cabeça.
- Não, mas descansa.- murmurei.- se ele chegar eu acordo-te.- prometi.

Voltei a fechar os olhos quando senti os dedos dela no meu cabelo e apenas sorri não fazendo nenhum comentário. - Eu estou bem, não te preocupes - encolhi levemente os ombros e olhei para a televisão ainda ligada - podes dormir.

Fiquei a mexer-lhe no cabelo mas com cuidado e com as pontinhas dos dedos. Só estava a fazer aquilo porque acalmava ou era suposto acalmar.
- Não.- abanei a cabeça.- eu estou bem, descansa.- voltei a murmurar.

Suspirei baixinho quando disse novamente para eu descansar, a verdade é que estava a morrer de cansaço, mas depois havia aquela preocupação, ele não dizia nada nem aparecia, com aquela cabeça ainda acaba aí todo drogado na rua ou com alguma coisa partida por causa do skate.
-Avisa-me - pedi baixinho sentindo-me adormecer pouco depois.

Baixei o olhar para a minha mão, vendo o seu cabelo deslizar por entre os meus dedos e lembrei-me de quando o fazia a Tom, ele adorava. Dizia que era o que mais gostava que lhe fizessem. Abanei a cabeça, para afastar aquelas memórias e assenti ao seu pedido.
- Eu aviso.- disse baixinho e concentrei-me na televisão para não adormecer.

Abri os olhos quando o sol chegou à minha cara e suspirei espreguiçando-me. Quando me lembrei de tudo sentei-me no sofá de repente e olhei para o meu telemóvel suspirando quando vi uma mensagem dele.
-Eu juro que ele vai ouvi-las, eu não sou a mãe, sou pior. - lancei o meu telemóvel para cima da mesa.

Ainda consegui ficar umas horas acordada, mas o irmão de Ryan não chegava e o sono começou a pesar. Até que me encostei bem ao sofá e acabei por adormecer. Fiz uma careta quando senti um movimento brusco e esfreguei os olhos quando ouvi a sua voz.
- Hm..bom dia.- murmurei.

Olhei para Ariel voltando a encostar-me ao sofá e mostrei-lhe um sorriso ligeiro.
-Bom dia - fiz uma careta- não te dói nada? - perguntei levantando-me para ir preparar o pequeno almoço.

Espreguicei-me, mostrando-lhe um sorriso preguiçoso e quando o vi levantar, percebi que ia fazer o pequeno almoço.
- Não.- murmurei, levantando-me de repente.- ahm, deixa-me fazer.- passri uma mão pelo cabelo.- para compensar, teres-me deixado ficar cá.- mordi o lábio.- posso?

Fiz uma careta quando ela se levantou de repente e olhei para a cozinha encolhendo os ombros, mas abanei a cabeça.
-Não precisas de agradecer teres ficado cá, eu faço o pequeno almoço não te preocupes.

Revirei ligeiramente os olhos quando me disse que não e cruzei os braços ao peito.
- Eu prometo que as minhas panquecas são as melhores que já comeste.- resmunguei baixinho.

Ri-me da forma como falou e assenti com a cabeça.
-Anda, fazemos os dois - disse apontando com a cabeça para a cozinha, para que ela me seguisse.

Fui desenhando um sorriso com os meus lábios quando percebi que ia aceitar e mal disse que sim, bati palminhas, começando a segui-lo para a cozinha.
- Eu sabia que ia conseguir.- encolhi os ombros com um sorrisinho vitorioso.- já te disse que sou persistente? - inclinei ligeiramente a cabeça.

Sentei-me ao lado dela, cruzando os braços em cima dos meus abdominais. Olhei por momentos para a televisão e encolhi os ombros. - Estou bem, não foi preciso fazer quimioterapia, disseram-me logo que não valia a pena - olhei-a - eu estou bem, a sério, só me preocupo com o meu irmão, não sei como dizer.

Não liguei à televisão acesa e fiquei apenas a olhar para ele, enquanto mordiscava o meu lábio de forma nervosa. Eu não o conhecia muito bem, mas eu não queria que ele morresse..ele estava a fazer estas coisas, ele estava a ajudar-me, só queria poder retribuir, só queria poder fazer o mesmo por ele.
- Como é que estás bem? - sussurrei.- não podes estar bem.- abanei a cabeça.

Desviei o olhar do dela, se ela estava assim e mal me conhecia, nem queria saber quando fosse o meu irmão. Ela tinha-se aproximado muito de mim nestes últimos anos, antes nem nos dávamos, mas agora eramos irmãos de verdade, isso era uma coisa boa que trazia comigo. - Eu estou bem - garanti olhando-a - a sério. - fiz uma careta - uma pessoa habitua-se. - encolhi ligeiramente os ombros. Não era bem assim, uma pessoa não se habtiuava, mas mentalizava-se.

Suspirei quando desviou o olhar do meu e toquei-lhe no queixo. Sentia-me inútil. Ele estava a ajudar-me, e eu, a única coisa que podia fazer, era ficar a olhar para ele, enquanto ele morria. Não era justo.
- Não é bem assim Ryan.- suspirei e recostei-me no sofá.- mas..eu não sei como, mas estes vão ser os melhores três meses da tua vida, eu prometo-te.- murmurei. Sim, era isso, eu não podia curá-lo, mas podia fazer com que ele passasse os melhores três meses de sempre.

Voltei a olha-la quando me tocou no queixo e acabei por sorrir enquanto falava. A verdade era que estava mesmo mentalizado, estes últimos três meses tinham sido para refletir e finalmente estava a fazer alguma coisa que queria, que era ajuda-la. O que ainda não tinha tido tempo para pensar era em Dylan, não sabia como havia de fazer.
-Está bem, vou acreditar em ti - ri-me tocando-lhe na barriga- não tenhas pena de mim, eu também não tenho de ti.

Sorri quando me tocou na barriga e toquei com um dedo no seu, abanando a cabeça. Eu não tinha pena dele, só não achava justo que as coisas fossem assim.
- Eu não tenho pena de ti.- encolhi os ombros.- não te preocupes.- sorri levemente e soltei um suspiro.- vais ter é de me aturar, porque agora fiz-te uma promessa.

Sorri quando disse que não tinha pena de mim e deixei-me deitar, esticando-me no sofá, com a cabeça encostada às suas pernas - Eu também te fiz uma promessa não te lembras? -perguntei - não te ia deixar de aturar de qualquer das maneiras - ri-me.

Baixei o olhar quando senti a sua cabeça pousar nas minhas pernas e com as pontinhas dos dedos, fui brincando com o seu cabelo.
- Lembro.- assenti com um sorriso.- como é que me poderia esquecer se estive enfiada numa banheira durante não sei quanto tempo? - fiz uma pequena careta e ri-me, tal como ele.- eu sou uma pessoa fácil de aturar, não te preocupes. - encolhi os ombros.

Agarrei nos cobertores que ainda estavam espalhados pelo sofá e coloquei-o por cima de mim, ficando de cabeça virada para ela. Ri-me com o que ela disse e assenti - não sei se és, não fazes o que eu mando. - brinquei num tom um bocado irónico.

Enrolei um bocadinho de cabelo seu no meu dedo e ri-me quando ficou meio encaracolado.
- Faço sim, só demoro é mais um bocadinho.- protestei com um suspiro baixinho. Passei um dedo pelas suas sobrancelhas e despenteei-as, encolhendo depois os olhos.- se envolver água eu nunca vou fazer o que queres, ou pelo menos não logo.

Fechei os olhos quando me começou a despentear as sobrancelhas e quando parou voltei a pentea-las com uma careta desagradada e brincalhona ao mesmo tempo.
-Eu sei, mas vais conseguir e um dia vai fazer o que eu te peço - sorri-lhe voltando a fechar os olhos.