Sala de Estar

Fiz uma cara triste quando ela parou de dar beijinhos no meu pescoço, mas ao ver a sua pele arrepiada percebi que estava com frio e vesti também a minha roupa. Mordi o interior da bochecha quando me disse que devia ir embora e assenti com a cabeça - está bem, eu também tenho que tentar estudar - encolhi os ombros. Normalmente não estudava, mas como andava a falar às aulas e a não estar com atenção absolutamente nenhuma ao que os professores diziam, era o melhor se queria passar de ano. - Encontra-mo-nos na praia - sorri levemente.

Ajeitei a minha roupa depois de a vestir e aproximei-me do Dylan para lhe roubar mais um beijo antes de me ir embora - Amo-te. - disse com um sorriso - Até logo. - caminhei até à porta da rua de casa dele e andei mais depressa para chegar a casa antes de o meu pai vir das obras, se bem que ainda tinha algum tempo de manobra mas de qualquer das maneiras, mais valia prevenir que remediar. Assim que cheguei a casa, subi para o meu quarto e antes de ir fazer fosse o que fosse, abri o meu roupeiro para pensar em que roupa levar à festa.

Suspirei depois dela sair e tapei-me com uma manta sentando-me no sofá com as coisas todas da escola em cima. Encostei a cabeça em sofá e abri um livro para o tentar ler. Era díficil concentrar-me quando só estava preocupado com o meu irmão e me lembrava do dia que ele me tinha contado que ia desaparecer. Engoli em seco passando as mão pelo cabelo e tentei concentrar-me, adormecendo pouco depois.

Fiz uma careta quando Ariel me perguntou se queria perguntar e encolhi os ombros mas a minha resposta acabou por ser negativa - não, nem por isso, prefiro ficar na sala - virei costas, ou melhor, virei a cadeira e comecei a dirigir-me ao sofá. Fiz força para passar o meu corpo todo para o mesmo e de seguida agarrei nas pernas para me esticar no mesmo. Agora é que começava o problema, a minha não paciência para não fazer nada. Eu era activo demais para estar parado durante tanto tempo a olhar para paredes. - que seca - resmunguei baixinho com os braços cruzados ao peito.
-Eu vou deixar-vos sozinhos - disse o meu irmão e eu olhei para ele, ainda com cara de aborrecido vendo-o semicerrar-me os olhos e olhar para Ariel como se me estivesse a repreender por estar assim, quando ela estava ali. Levantei uma sobrancelha e desviei o olhar para ela, acabando por sorrir-lhe um bocadinho e esticando uma mão como se lhe pedisse para vir ter comigo.

Assenti de imediato, assim que Ryan me respondeu, dizendo que preferia ficar pela sala e aproveitei que estava a dirigir-se para lá para subir rapidamente até ao seu quarto e pousar lá as suas coisas. A partir de agora, ia deixá-lo fazer o que quisesse, quando quisesse e da maneira que quisesse. A última coisa que queria era intrometer-me na sua independência e fazê-lo sentir-se ainda pior. Fechei a porta do quarto, descendo novamente até ao pé deles e ainda cheguei a tempo de o ver sentar-se sozinho no sofá. Sorri levemente, sentando-o nos braços do mesmo e desviei depois o olhar para Dylan, assim que o ouvi dizer que nos ia deixar sozinhos. Juntei ligeiramente as sobrancelhas, estando quase para lhe dizer que não precisava de ir, mas acabei por não dizer nada, visto que provavelmente teria coisas para fazer. Fiquei a vê-lo sair e, assim que voltei a olhar para Ryan, vi-o esticar uma mão na minha direcção. Levantei-me, percebendo que me estava a pedir para ir ter com ele e foi o que fiz, colocando a cadeira perto do sofá, mas mais arrumada, para depois me deitar junto dele. Estiquei a cabeça, até lhe conseguir beijar a o maxilar e depois sorri, antes de falar.
- O teu irmão foi espectacular em fazer tudo isto.- disse.- vai ser muito mais fácil para ti agora.- assenti.- até vais poder ir até à praia sempre que quiseres.

Agarrei-a pela cintura para que não escorregasse pelo sofá abaixo e assenti positivamente quando comentou que o meu irmão tinha sido espetacular. - Sim, ele é espetacular - comentei sem pensar muito bem no que estava a dizer. Depois dela ter falado do meu irmão a minha mente desviou os meus pensamentos para a minha mãe, não sei bem porquê. Não a tinha ido visitar ou despedir-me, quando pensava que estava canceroso. O meu orgulho era demasiado forte para ser eu a visita-la depois de termos deixado as coisas tão mal como tinha acontecido. Encostei a cabeça numa almofada, olhando distraidamente para a televisão. - Eu não quero ir à praia - disse firmemente quando as suas últimas palavras me chegaram ao cérebro.

Apesar de me estar a esforçar por manter uma conversa com Ryan, a verdade era que a sua atenção parecia focar-se em tudo o resto menos em mim. Cada vez sabia menos o que fazer. Soltei um suspiro, acabando por calar-me quando percebi que não prestava atenção, meio perdido nos seus pensamentos, e senti-me ainda pior assim que o ouvi dizer que não queria ir à praia. Era como se tudo o que lhe dissesse, em vez de ajudar, só piorava as coisas. Limitei-me a assentir, não dizendo mais nada sobre aquele assunto e desviei o olhar para a televisão, durante alguns minutos, antes de me lembrar de algo.
- Queres que vá fazer alguma coisa para comeres? - perguntei baixinho.- não comeste nada desde que acordaste.

Durante o tempo em que estivemos os dois calados eu fiquei apenas a pensar em nada, se é que isso era possível. Os meus pensamentos eram tão profundos que nem eu próprio os conseguia ouvir. Acordei deles, ainda meio desconcentrado quando ela me falou em comida. Fiz uma careta, sentindo o meu estômago contorcer-se só de pensar em comer e olhei para os olhos de Ariel, vendo em como ela estava a tentar. Eu sabia que não estava a ser fácil, não estava a fazer por mal, só não me conseguia sentir eu próprio e mesmo a amando era como se não conseguisse. O meu instinto chegava a ser mais radical e pedir-me para afasta-la, mas sabia que isso ainda ia acabar mais comigo e, talvez, até com ela. - Sim - respondi engolindo em seco tentando afastar o meu enjoo de comida - qualquer coisa está bom.

Ao início cheguei mesmo a pensar que Ryan ia dizer que não tinha fome, devido à careta que fez assim que falei em comida mas, contrariamente ao que pensava, e como que a fazer-me um favor, ele aceitou. Cada vez me sentia pior, era como se eu conseguisse perceber que ele apenas o estava a fazer por minha causa. De qualquer das formas, não disse nada. Precisava de aprender a estar calada, visto que não dizia nada de acertado desde que saíramos do hospital.
- Eu já volto.- murmurei apenas, levantando-me do sofá com cuidado e fui até à cozinha, onde fiz uma sandes e um sumo. Coloquei tudo num tabuleiro, agarrando no mesmo e, poucos minutos depois, já estava de volta.- não tens de comer tudo.- comecei por dizer.- comes só o que te apetecer.- encolhi os ombros, soltando um leve suspiro e sentei-me depois na pontinha do sofá, pousando o tabuleiro no meu colo, enquanto esperava que se sentasse para depois lho passar.

Quando saiu para a cozinha abracei-me à pequena almofada que estava debaixo de mim e suspirei baixinho. Sabia que me tinha que animar, mas não sabia como o fazer, ainda para mais, segundo Ariel, os seus pais vinham-me visitar e eu não queria estar desanimado à frente do seu irmão. Queria ser forte. Respirei fundo cerrando o maxilar e recomecei a sentar-me mal ela veio com a comida pronta. Sentei-me no sofá da melhor maneira que consegui e peguei no tabuleiro olhando para Ariel, dando-lhe um bocadinho da sandes - queres? - perguntei levando o outro bocado à boca - quando é que a tua mãe e o teu irmão vêm? - encostei a cabeça ao sofá enquanto mastigava e enrolava a comida na boca para depois engoli-la com algum esforço, a vontade era nenhuma.

Fiz uma pequena careta, assim que Ryan esticou metade da sandes na minha direcção, e acabei por abaná-la.
- Não tenho fome, mas obrigada.- murmurei, encostando-me ao braço do sofá, visto que estava muito perto da ponta, e voltei a levantar o olhar para ele, assim que ouvi a sua pergunta.- eles pediram-me que os avisasse quando estivesses com disposição para visitas.- encolhi os ombros.- eles querem ver-te mas também não querem chatear.- disse.- aliás, eles só insistiram porque o Mike anda impaciente para vir ter contigo.- sorri durante breves segundos. Tendo em conta que nunca sabia muito bem como ele ia reagir às coisas que dizia, tinha medo que agora ficasse mal por causa de Mike. Eu sabia que ele não queria desapontá-lo, mas a verdade era que o meu irmão ia sempre adorá-lo, quer estivesse numa cadeira de rodas ou não.

Olhei para a metade de sandes que lhe tinha oferecido, pousando-a no tabuleiro e continuei a comer a minha, engolindo outro pedaço com algum esforço. Bebi um bocado de sumo para ajudar e encolhi os ombros - eles podem vir quando quiserem, não me parece que a minha disposição vá mudar muito nos próximos dias... por isso... eles podem vir quando quiserem - voltei a repetir com a cabeça noutro lugar de novo. Pousei a comida no tabuleiro, já sem conseguir comer alguma coisa que fosse. Estava a voltar a deitar-me quando ouvi o meu telemóvel tocar. Olhei para Ariel, abanando-lhe a cabeça para que não fosse busca-lo. - É a minha mãe, não vale a pena, não quero falar com ela.

Encostei a cabeça ao sofá, ficando a ver a forma como Ryan estava a comer o que lhe tinha feito e ainda cheguei a pensar que o fiambre estava estragado ou algo do género, mas rapidamente percebi que era apenas ele que não queria comer. Tal como eu suspeitava, desde que me tinha dito que lhe podia preparar qualquer coisa. Suspirei ao ouvi-lo dizer que a sua disposição não ia mudar e que por isso podia chamar os mais pais quando quisesse, e acabei por assentir.
- Está bem.- murmurei.- eu mando-lhes uma mensagem daqui a nada.- disse, encolhendo ligeiramente os ombros e ia levantar-me para pegar no tabuleiro, visto que ele já tinha acabado de comer, quando ouvi o seu telemóvel tocar. Endireitei-me, olhando para o mesmo, e só não o fui buscar porque Ryan me disse para não o fazer.- mas é a tua mãe Ryan..- murmurei, depois de ele mo ter dito.- tens a certeza que não queres atender? - juntei ligeiramente as sobrancelhas.- ela deve estar preocupada.

Assenti e não disse mais nada sobre o assunto. Deitei-me da melhor maneira que consegui e fechei os olhos, ouvindo Ariel falar. Suspirei, levantando a cabeça - a minha mãe deu-nos a mim e ao meu irmão como mortos depois de nós termos saído de casa dela para aproveitar as nossas vidas - disse-lhe - por isso, para ela é como se tivesse morrido mesmo. - voltei a deitar a cabeça embrulhando-me no cobertor que tinha por cima das minhas pernas. Só eu e Dylan sabíamos o quão difícil tinha sido, principalmente para o puto, porque ele era apenas um miúdo e eram apegado a ela, eu não, nunca tinha sido, o meu suporte sempre tinha sido a minha avó, mas depois ela tinha morrido e agora não havia nada a fazer. - por favor, volta para aqui - pedi num tom mais baixo.

Apesar de desta vez a culpa não ser minha, por não fazer a mínima ideia de que a sua relação com a sua mãe era assim tão má, não consegui não me sentir culpada por ter insistido, ainda que continuasse a achar que, mesmo com as suas desavenças, ela não deixava de ser sua mãe. E foi por essa mesma razão que desta vez não me calei.
- Já pensaste que se calhar ela está arrependida? - perguntei.- ela pode querer pedir-vos desculpa por tudo o que voz fez passar.- encolhi os ombros.- acho que devias pensar nisso.- murmurei, agarrando no tabuleiro e fui deixá-lo na cozinha, voltando a tempo de ouvir Ryan pedir-me para que voltasse para junto dele. Assenti, apesar de ele não ver, e andei até junto do sofá, voltando a deitar-me com cuidado ao seu lado.

Pensava que o assunto da minha mãe estava terminado, mas pelo visto estava totalmente errado. Fechei os olhos, respirando fundo uma e outra vez - então ela não escolheu pior altura para querer ser perdoada porque eu não quero falar com ela - disse lentamente as últimas frases e só quando ela veio ter comigo é que eu me apercebi que tinha sido bruto. Fechei os olhos ao senti-la ao meu lado e acabei mesmo por abraça-la com força, enfiando a cabeça no seu pescoço - desculpa - pedi cheio da cabeça. - desculpa.

Eu sei que era suposto eu estar habituada a este seu humor mais pesado e ao facto de responder mal por vezes, mas assim que ouvi a sua resposta, face ao que eu tinha dito sobre a sua mãe, todo o meu corpo estremeceu. Apesar de saber que ele não fazia por mal, não estava habituada a que me falasse assim. De qualquer das formas, limitei-me a ficar calada, por já ter percebido que aquele assunto não era bem vindo, e deitei-me ao seu lado, sentindo-o depois abraçar-se a mim enquanto pedia desculpa. Soltei um suspiro baixinho, chegando-me mais para ele aos poucos e abracei-o também.
- Não faz mal.- murmurei baixinho, levando uma mão ao seu cabelo.- está tudo bem, não vamos falar mais disto, tu fazes o que achares melhor.- disse apenas e para o descansar, virei a cara para lhe beijar a bochecha.

Não larguei Ariel durante os minutos seguintes. Deixei-me ficar com a cabeça encostada ao seu peito a olhar não sei bem para onde e a pensar em onde é que estava a deixar a minha vida. - Não quero tratar-te mal - murmurei passado algum tempo - não quero falar da minha mãe e não quero ir à praia - encolhi ligeiramente os ombros. - tudo o que eu penso é que o melhor que tens a fazer é afastar-te, mas... não quero e sinto-me ainda mais egoísta. - admiti levantando a cabeça para a olhar pela primeira vez depois de ter falado mal para ela.

Durante os minutos seguintes, em que Ryan permaneceu em silêncio, eu fiz o mesmo, ficando apenas a deslizar os meus dedos pelo seu cabelo, numa tentativa de o acalmar. A coisa que eu mais queria era que tudo passasse, que ele começasse a melhorar e que conseguisse recuperar toda aquela vontade de viver que o caracterizava. Despertei dos meus pensamentos assim que a sua voz se fez ouvir e à medida que foi falando, eu limitei-me a suspirar com as coisas que dizia.
- Ryan..- murmurei, pronta para lhe dizer que não tinha de fazer nada daquilo se não queria, mas não cheguei a fazê-lo, face ao que ele disse depois. E aí sim, eu subi o olhar para ele, mais séria do que nunca.- tu não te vais afastar de mim.- olhei os seus olhos.- eu amo-te, será que não percebes isso? - voltei a suspirar.- o que eu mais quero é estar contigo, seja nos bons ou nos maus momentos..- disse.- afastares-te de mim só nos vai destruir aos dois, eu não quero que o faças.- abanei a cabeça.- eu preciso de ti e eu sei que também precisas de mim.

Voltei a baixar o olhar assim que me disse, convicta, que não se ia afastar de mim. - Nunca consegui afastar-te quando quis - disse. - Quando pensava que estava a morrer eu pensava todas as horas que o melhor era deixar-te ir viver a tua vida, que mais tarde ou mais cedo tu ias acabar por voltar ao mar - encolhi levemente os ombros - agora que estamos juntos mesmo a sério é que não consigo mesmo - abanei negativamente a cabeça - mas garanto-te que ias ser mais feliz com outra pessoa. Pelo menos por agora. - engoli em seco.

Mal Ryan baixou o olhar, eu senti o meu coração apertar-se, pronta para ouvir as coisas que eu sabia que ele ia dizer. Eu não me queria afastar dele, muito menos depois de tudo o que tinha acontecido. Aliás, eu sentia-me ficar doente só de sequer pensar nisso. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, sentindo os meus olhos picarem só com as coisas que ele dizia e sem aguentar mais, acabei por lhe agarrar na cara, para o fazer olhar-me.
- É preciso eu repetir? - olhei os seus olhos.- eu amo-te Ryan, eu amo-te.- disse de novo.- e nem mesmo quando pensei que te ia perder eu deixei de o fazer.- abanei a cabeça, encostando a minha testa à sua.- eu não quero outra pessoa, eu quero-te a ti.- suspirei.- mesmo que não estejas bem agora, eu já perdi demasiadas coisas na minha vida para te perder a ti também.- abri os olhos para o olhar de novo.- não me interessa o quão difícil é, eu quero estar contigo e ajudar-te a passar por isto.- assenti.- pára de pensar essas coisas.

Passei as mãos pelas bochechas e como ela já me tinha deixado naquele estado, apesar da culpa ser minha, apenas permaneci calado, sem dizer mais nada e deixando que vencesse, até porque eu queria que ela vencesse. Não queria que me deixasse afasta-la, apesar de saber que era o melhor. Ela dizia que não me queria perder, mas como é que se perdia uma coisa que só por ela já estava perdida?
Suspirei respirando fundo e fechei os olhos - Desculpa - pedi. de novo, e encostei-me de novo a ela, de uma maneira mais confortável.

Ao ver as lágrimas deslizarem-lhe pela face, tive de fazer um enorme esforço para controlar as minhas. Não que lhe fosse dizer, mas magoava-me que ele pusesse sequer em hipótese afastar-se de mim, apenas por achar que seria o melhor. Para mim não iria ser de certeza, agora se para ele era...Abanei a cabeça a mim própria, não me permitindo pensar naquele tipo de coisas e deixei que se encostasse a mim, assim que o fez, ouvindo-o depois pedir-me desculpas.
- Não quero me peças desculpa se vais continuar a pensar da mesma forma.- encolhi os ombros, fechando os olhos durante breves segundos.- só achei que sabias o quanto significas para mim.

Levantei devagarinho a cabeça para a olhar assim que ouvi as suas palavras e engoli em seco - e eu sei - murmurei agarrando-lhe numa mão, dando-lhe festinhas e brincando com os seus dedos - eu sei, o que eu penso não tem nada à ver com isso - continuei no mesmo tom com um encolher de ombros - mas porque é que estamos a falar disto? Eu já disse que não vai acontecer nada disso - suspirei baixinho voltando a encostar-me a ela e fechei os olhos - a minha cabeça continua a doer - queixei-me com uma mão agarrada à sua - fica aqui. - pedi enquanto adormecia.

Baixei o olhar para a minha mão, assim que o senti agarrar-me na mesma e apesar de ele estar a falar comigo, eu limitei-me a ouvir, não lhe respondendo. Ele podia dizer que não ia acontecer nada, mas o que era certo era que ele tinha colocado isso em hipótese, mesmo que agora não o fosse fazer. Soltei um suspiro, assentindo, sem saber muito bem se via, mas a verdade era que queria acabar com aquela conversa.
- Descansa.- disse, assim que se queixou com dores de cabeça.- já vai melhorar.- murmurei, levando uma mão até ao seu cabelo e fiquei a fazer-lhe festinhas, numa tentativa de ajudar em alguma coisa. Estiquei-me até a uma manta, tapando-nos aos dois e aconcheguei-o contra o meu corpo.- eu não vou a lado nenhum.- sussurrei, depois de me pedir para que ficasse com ele e encostei a minha cabeça à sua, ficando assim mesmo depois de ele ter adormecido.