Praia Virginia Key

Olhei para Ryan por cima do ombro assim que me perguntou para onde íamos e abrandei o passo até me encostar ao seu corpo.
- Vamos para a sala.- disse-lhe e continuei a encaminhá-lo até lá, sentando-me no sofá assim que chegámos. Puxei Ryan para que se sentasse ao pé de mim e cheguei-me para ele, fazendo-o olhar-me.- pára de pensar seja o que for que estejas a pensar.- murmurei.- eu não era mais feliz se não estivesses aqui.- abanei a cabeça.- nem sofria menos, muito pelo contrário.- olhei as nossas mãos.- eu preciso de ti, é mais fácil se estiveres comigo agora.- estiquei-me até encostar a minha testa à sua.- por isso, pára de pensar nessas coisas.

Levantei o olhar na direcção dela e beijei-lhe os lábios quando encostou a sua testa à minha - não vamos falar disso - murmurei - se queres ir comigo daqui a pouco tenho que ir embora, o meu irmão deve andar à minha procura e o meu telemóvel morreu - encolhi os ombros e encostei a cabeça ao seu ombro.

Suspirei baixinho contra os seus lábios, passando as pontinhas dos meus dedos pela sua bochecha depois de o beijar também e assenti assim que disse que não queria falar naquilo. Eu podia não insistir, mas eu sabia muito bem o que ele estava a pensar e não ia deixar que continuasse.
- Se quiseres podemos ir agora.- murmurei, assim que falou no seu irmão e encostei a minha cabeça à sua.- vamos quando quiseres, só preciso de avisar os meus pais e o Mike.

Olhei para Ariel quando disse que podiamos ir agora. Abanei a cabeça, não estava a sentir-me muito bem para ir embora de carro. Caso contrário ia ficar tonto ou mal disposto. - Não é preciso ir já o Mike ia ficar triste e posso estar mais um bocado - encostei a cabeça ao seu ombro e fiquei a olhar a televisão.

Baixei o olhar para Ryan quando o ouvi dizer que ainda podia ficar mais um bocado e assenti, esticando uma mão até ao seu cabelo para lhe fazer festinhas.
- Então depois quando quiseres ir diz-me.- pedi e desviei o olhar para a porta da sala quando ouvi barulho.
- Os pais disseram que eu podia vir ter com vocês.- Mike apareceu.- mas disseram para eu ter cuidado porque vocês podiam estar aos beijinhos.- explicou-se, olhando-nos. Levantei as sobrancelhas, juntando-as ligeiramente e ri-me, abanando a cabeça.
- Não estamos príncipe, podes ficar aqui à vontade.- sorri-lhe, vendo-o sorrir também, por poder ficar, e subiu para o sofá, indo para ao pé de Ryan.
- Eu também dou beijinhos à Cate.- ele disse, olhando-o e abraçou-se aos seus joelhinhos.- desde que tu me ajudaste que ela só quer beijinhos.- riu-se maroto.- também deste flores à minha mana para ela te dar beijinhos?

Fiquei encostado a Ariel de olhos fechados, agora sim começava a sentir-me realmente doente. Olhei para Mike quando veio ter comigo e puxei-o para o meu colo com um sorriso. - Não - murmurei - se ajudares uma pessoa e se ela começar a gostar muito de ti pode ser que tenhas sorte com um beijinho - beijei-lhe a testa abraçando-o - foi assim que eu fiz com a tua irmã.

Sorri, tal como Mike, assim que Ryan o puxou para o colo dele mas nem por isso me afastei, deixando-me estar encostadinha ao seu corpo também. Fiquei a ouvi-lo falar e senti o meu sorriso aumentar com o que disse, fazendo-me olhar pelo canto do olho para Mike que entretanto se tinha abraçado a ele.
- Eu sei, tu ajudaste a mana.- ele assentiu.- e ela gosta muito de ti.- ele disse todo seguro das suas palavras.- porque desde que ela gosta de ti que ela está sempre contente.- sorriu.- eu gosto de ver a minha mana assim, por isso é que eu gosto de ti.- olhou-o.- e porque me ajudaste com a Cate.- riu-se maroto. Sorri, abanando a cabeça e estiquei-me até lhe dar um beijinho na testa, virando-me depois para Ryan, para lhe dar um beijinho leve nos lábios.
- Ouviste o que ele disse? - olhei os seus olhos.- eu fico feliz contigo.- sorri.- por isso não penses uma vez que seja em afastar-te.

Fiquei a olhar o pequenino sorrindo quando disse que ela estava estava feliz quando estava ao meu lado, hoje não se tinha notado isso, mas não fazia mal, porque eu sabia que isto já estava a acontecer para à muito tempo e ela a fazer-se de forte não ajudava para a sua sanidade. Olhei para Ariel sorrindo levemente e dei-lhe um beijinho na bochecha. - eu não pensei em afastar-me - eu sempre pensava nos "ses", não pensava no definitivo, porque por mais egoísta que fosse, nao me conseguia afastar dela. - preciso de ir Mike, volto amanhã para te ver, está bem?

Assenti quando ele disse que não tinha pensado em afastar-se e continuei encostada a ele, vendo Mike fazer o mesmo. Eu esperava mesmo que ele não tivesse pensado nisso, porque eu não conseguia ficar sem ele, nem ia conseguir quando..não queria pensar nisso sequer. Levantei o olhar para Ryan assim que o ouvi falar com Mike, dizendo que tinha de ir mas que voltava amanhã e vi o meu irmão olhá-lo com atenção.
- Voltas mesmo? - perguntou baixinho, ainda agarrado a ele.- da outra vez disseste que vinhas e não vieste.- ele disse tristinho.- eu fiquei com saudades tuas.

Olhei-o quando me perguntou se voltava mesmo e sorri-lhe assentindo com a cabeça - desculpa - pedi por não ter vindo quando disse que vinha - aconteceram coisas e só consegui vir agora - sorri um bocadinho e dei-lhe um beijo na testa - se não vier amanhã venho no outro dia, prometo - coloquei-o no chão quando me levantei e olhar para Ariel - sempre vens?

Mike assentiu a tudo o que Ryan disse, agarrando-se às suas pernas para se equilibrar quando ele o colocou no chão e depois levou as mãos ao pescoço, tirando o pequeno colar que tinha no mesmo, com uma prancha pendurada no fio.
- Ficas com o meu colar e trazes quando me vieres ver, está bem? - o meu irmão perguntou, subindo o olhar para Ryan.- assim eu tenho a certeza de que voltas.- sorriu todo espertinho, fazendo-me sorrir também e foi a minha vez de me levantar, assentindo com a cabeça à pergunta de Ryan.
- Vou.- murmurei, passando uma mão pelo cabelo do meu irmão.- vou só avisar os meus pais.- disse e dei uma corridinha até à cozinha.

Desviei o olhar de novo para Mike quando ele me estendeu o seu fio e ia dizer que não, quando ele disse que lho dava quando voltasse. Sorri baixando-me, para ficar da sua altura - eu prometo que volto pirralho - não lhe devia fazer aquelas promessas quando a esta altura sabia que podia morrer a qualquer momento e sim, cada vez me sentia mais cansado e a minha cabeça deixa-me entorpecido, nem era bem doer, deixava-me confuso em todos os sentidos. Dei-lhe um beijo na testa, agarrando no seu fio e levantei-me indo dizer adeus ao resto da família.

Depois de me despedir dos meus pais, dizendo-lhe que voltaria no dia seguinte, Ryan entrou na cozinha, para se despedir deles também. Sorri levemente, indo ter com ele, e depois de todos nos despedirmos uns dos outros, agarrei na sua mão para o puxar para que começássemos a sair de casa. Dei um beijinho a Mike, que estava à porta, e depois abri-a, olhando para Ryan.
- Queres que conduza? - perguntei, olhando-o com atenção. Não o ia deixar conduzir mesmo que dissesse que não, mas preferia perguntar, para ter a certeza.

Desci as escadas que havia na sua casa, depois de me ter despedido dos seus pais e aproximei-me do meu carro olhando para as chaves que tinha na mão quando me perguntou se queria que fosse ela a conduzir - quero - passei-lhe as chaves e fui para o outro lado que ficava ao lado do condutor, metendo o cinto. Apesar de agora me sentir ligeiramente melhor, ainda não estava às mil maravilhas.

Sorri-lhe, agarrando logo nas chaves do seu carro mal mas deu, e assenti, descendo as escadas da entrada para me aproximar do carro. Abri-o, vendo-o sentar-se no lugar do pendura e com um suspiro, fui sentar-me no lugar do condutor. Eu sabia que a cada dia que passava ele ficava pior e mais frágil, mas não deixava de me custar saber que não o conseguia ajudar de forma alguma. Tentei não pensar nisso, para não ficar de novo no estado de à pouco e liguei o carro, arrancando em direcção a sua casa.

Fechei os olhos quando encostei a minha cabeça ao banco e sorri com a ideia que tive - amanhã - murmurei baixinho e calmamente - vou para o mar - sorri de olhos fechados colocando mesmo assim o ar condicionado para ficar mais fresquinho visto que estava a morrer de calor ali dentro - se morrer lá morro feliz. - abri os olhos para olhar Ariel.

Estava concentrada a olhar para a estrada, tentando que os meus pensamentos não me distraíssem quando foram as palavras de Ryan que o fizeram. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, sentindo um nó formar-se de novo na minha garganta e aproveitei o facto de já estarmos quase a chegar a sua casa para o olhar.
- Tu não vais morrer Ryan.- disse, acabando por desviar o olhar.- podemos ir ao mar, aliás, tu podes ir para o mar.- apertei o volante nas minhas mãos.- mas tu não vais morrer.- abanei a cabeça e agradeci mentalmente por a sua casa estar perto, porque se fosse para ter este tipo de conversas, era melhor eu não conduzir.

Virei a cara para ela quando começou a dizer aquela barbaridade, porque era, era uma barbaridade. - Ariel - chamei baixinho quando começamos a chegar a casa - toda a gente vai morrer. - disse-lhe com um meio sorriso. Começava a habituar-me ao pouco com a ideia, mas não deixava de me sentir injustiçado.

Estacionei o carro junto da sua casa assim que lá chegámos e virei a cara na direcção de Ryan quando o ouvi chamar-me.
- Tu percebeste o que eu quis dizer.- murmurei apenas, encolhendo os ombros e soltei um suspiro baixo, abrindo a porta para sair depois de ter desligado o carro. Não era justo, nada do que estava a acontecer era justo e era por isso mesmo que eu não conseguia conformar-me com a ideia de ficar sem ele. Porque não era justo. Para ninguém.

Limitei-me a encolher os ombros, encostando-me ligeiramente ao seu corpo enquanto saía ao seu lado de casa e fechei os olhos ao sentir o quentinho do sol embater-me na cara. Era impossível habituar-me a ficar sem ele, era simplesmente impossível. Eu precisava dele e não ia simplesmente aceitar o facto de que ele ia embora. Abri os olhos devagarinho, ao fim de algum tempo e desviei o olhar para a praia, que era mesmo em frente à casa de Ryan, sentindo o meu coração apertar-se. Aquilo ainda era tudo demasiado novo para mim.

Sorri quando vi ao longe que as ondas estavam perfeitas. O mar não estava plano mas também não era nada de especial, aliás, em Miami nunca era nada de especial, uns dias bons, uns dias maus, outros dias óptimos. Apesar da minha ansiedade fui devagar até a meio da praia, por causa de Ariel, não queria que ela tivesse uma recaída ou algo do género. - Ficas aqui? - perguntei fazendo uns aquecimentos primeiro.

Sustive ligeiramente a respiração assim que senti os meus pés tocarem na areia e tentei não focar o meu olhar no mar, olhando para outros locais que não ele. Parei de andar assim que Ryan fez o mesmo e desviei logo o olhar para ele, assentindo à sua pergunta.
- Fico.- murmurei baixinho e sentei-me na areia, ao lado dele, cruzando as pernas à chinês. Olhei pelo canto do olho para a água, sentindo um calafrio percorrer-me o corpo e logo me endireitei, respirando fundo.

Baixei-me tendo que me apoiar com uma mão na areia para não cair para cima de Ariel. Olhei os seus olhos e estiquei-me até lhe beijar os lábios como se nada tivesse acontecido. - Se precisares de alguma coisa chama, eu não vou para longe, consigo ouvir-te - murmurei beijando-a de novo. Levantei-me devagar e fui buscar a minha prancha para finalmente ir para o mar.

Dobrei as pernas, encostando-as ao meu peito e abracei-as, sentindo depois a presença de Ryan junto de mim. Desviei o olhar para ele, esticando-me uma mão para lhe acariciar a bochecha enquanto o beijava e assenti ao que disse, correspondendo de igual forma ao seu beijo. Toquei com a mão nos meus lábios, vendo-o afastar-se e encostei o queixo aos meus joelhos, sentindo o meu coração apertar-se cada vez mais. Agora era eu que estava nervosa, agora era e que estava com um mau pressentimento em relação a tudo isto.

Não estava ninguém na praia, isso era bom, não havia ninguém para me fotografar ou algo do género. Sorri enquanto entrava na água e quando subi para cima da prancha fechei os olhos durante uns segundos. Parecia que não fazia nada daquilo há anos e só tinham passado umas semanas. Passei as mãos pela água e deitei-me para começar a nadar para uma zona onde conseguisse apanhar ondas a sério, mas não muito longe, como tinha dito a Ariel.