Quarto do Ryan

Como eles foram para o quarto, sorri interiormente enquanto olhava para as escadas, podia ser que acontecesse alguma coisa, Ele andava todo desesperado já, eu também fui para o meu, atirando-me para a cama assim que acabei de tomar todos os comprimidos, as vezes tinha medo era de morrer por overdose, mas não, estava tudo bem. Adormeci mais rapido do que o costume, por causa do efeito sonolento que alguns tinham e não sonhei com nada.

Abri os olhos com um suspiro e mais uma vez voltei-me na cama passando as mãos pela minha cabeça. Ela não estava a doer muito, já tinha doído mais. Olhei para o meu telemóvel que estava em cima da mesa-de-cabeceira e suspirei sentando-me. Eu podia telefonar-lhe e chatea-la, ou dpoia simplesmente ignorar e tentar dormir mais um vez - eu telefono-lhe - sorri não sem bem porquê e estiquei-me até ao telemóvel carregando no botãozinho quando vi o seu nome no ecrã.

Agarrei na almofada encostando-a a mim e mordi o lábio quando ela disse o meu nome - desculpa se te acordei - disse baixinho voltando a deitar-me e comecei a arrepender-me de lhe ter ligado, era tarde e eu ia mesmo chatea-la, ela precisava de descansar. - não consigo dormir - murmurei fechando os olhos de novo. Eu estava mesmo cansado.

Abanei a cabeça quando me pediu desculpa mas só depois é que me lembrei de que ele não via. Endireitei-me, sentando-me com as costas apoiadas na almofada e ajeitei o telemóvel ao meu ouvido.
- Não te preocupes peixinho.- sorri levemente, mas rapidamente juntei as sobrancelhas assim que disse que não conseguia dormir.- porquê? O que se passa? - perguntei baixinho.

Encolhi os ombros apesar de saber que ela não conseguia ver e toquei com os dedos na minha cabeça esfregando-a - dói-me a cabeça - disse baixinho - não é nada de mais mas perturba-me o sistema - fiquei de olhos fechados com um suspiro - eu deixo-te dormir. Desculpa.

Continuei com as sobrancelhas levantadas, numa expressão preocupada e suspirei baixinho assim que disse que lhe doía a cabeça.
- Não.- murmurei quando disse que me deixava dormir. Conseguia ouvir os seus suspiros do outro lado.- eu não quero dormir.- disse enquanto abanava a cabeça e mordisquei o meu lábio. Estava preocupada com ele, não ia conseguir dormir agora. Agarrei-me à almofada e olhei para a janela, vendo a lua cheia no céu.- posso ir ter contigo? - perguntei baixinho, de repente.- e não digas que não só para eu ir dormir, eu estou preocupada, não vou conseguir.- encolhi os ombros.

Levantei uma sobrancelha quando disse que não queria dormir e abri os olhos, virando-me para o outro lado. - Já é tar.. - mordi o lábio ficando tentado a dizer que sim, que ela podia vir, mas como eu ia dizer, era tarde e ela precisava de dormir e descansar para o dia de amanhã. Mas, quando ela disse para não dizer só para ela dormir encolhi os ombros - vem.

Acabei por me levantar, apesar de ainda não saber a sua resposta e fui buscar umas calças e uma camisola de manga comprida. Era de noite, estava mais frio. Revirei os olhos quando percebi que ele ia dizer que era tarde e abri a boca para resmungar, mas ele acabou por responder. Sorri assim que ouvi o seu ''vem'' e comecei a despir o pijama. Mesmo que ele dissesse que não, eu ia na mesma.
- Aguenta-te só mais um bocadinho.- murmurei com um sorriso.- eu já vou tratar de ti peixinho.- disse enquanto pegava nas minhas calças. Eu não sabia se ele queria continuar a falar ou não, por isso, coloquei no altifalante, atirando o telemóvel para cima da cama.

Conseguia ouvir os seus movimentos por telemóvel e sabia exactamente o que ela estava a fazer, não conseguindo deixar de sorrir levemente - Rápido, o peixe está fora de água - murmurei olhando pela janela - a chave da porta está debaixo de um vaso - disse, era a coisa mais óbvia de sempre, eu tinha que procurar outro esconderijo para a chave. - Até já - murmurei desligando.

Sentei-me na cama depois de já estar vestida e calcei as minhas vans pretas, sorrindo ao ouvir Ryan do outro lado.
- A rã já vai ajudá-lo.- disse com um sorrisinho e levantei-me depois de estar pronta, assentindo quando me disse onde estavam a chaves, apesar de ele não ver.- está bem, eu prometo ser rápida, até já.

Virei-me de barriga para cima colocando as mantas todas para cima de mim e comecei a duvidar que fosse boa ideia pedir-lhe para vir. Era tarde e amanhã ela ia estar esgotada, podia ser que eu lhe desse uma folga, ou podia ser que até a pusesse a trabalhar mais arduamente. Remexi-me na cama com um suspiro, nem com os montes de comprimidos que já tinha tomado dava para dormir ou para que a dor de cabeça passasse.

Desci as escadas meio aos trambolhões, agradecendo mentalmente por não me ter desequilibrado e caído e dei uma corridinha até à cozinha, precisava de deixar um recado à minha mãe ou já sabia que ela ia morrer de preocupação. Peguei num bocadinho de folha que ela tinha para ali e numa caneta e escrevi-lhe:
Colei o papel ao frigorífico, com a ajuda de um íman e voltei para a sala, pegando nas minhas chaves e no meu casaco, saindo. Vesti-o assim que cheguei à rua, por causa da brisa fresquinha que corria no ar e fui até ao carro da minha mãe, abrindo-o. Entrei, colocando o cinto e conduzi rapidamente para casa de Ryan. As nossas casas não eram muito longe e por isso, demorei pouco mais de cinco minutos a lá chegar. Estacionei junto do passeio, saindo logo e tranquei o carro, correndo para a porta.

Quando ouvi o barulho de um carro levantei ligeiramente a cabeça olhando para a janela. Sorri quando vi Ariel correr até à porta e, apesar de lhe ter dito onde estava a chave desci as escadas devagarinho, passando uma mão pelo meu cabelo, indo abrir-lhe a porta antes que ela o fizesse. - Olá - murmurei quando a vi.

Como Ryan tinha dito que a chave estava dentro de um vaso, debrucei-me para a procurar, dando depois um pequeno saltinho ao ouvir a voz dele. Endireitei-me de repente, já com as chaves nas mãos e olhei-o.
- Nem me deixas experimentar as tuas chaves.- semicerrei os olhos com um sorriso, mas logo fiquei mais séria, tocando-lhe com as pontinhas dos dedos na bochecha.- como estás peixinho?

Ri-me baixinho - não te preocupes, tens tempo para isso - mais ou menos. Na verdade eu queria pedir-lhe algo, só esperava que não a magoasse. - Eu estou bem - murmurei aproximando-me dela e abracei-lhe a cintura. - anda, vem para o meu quarto - disse mais baixinho que o costume, não precisava que a dor de cabeça piorasse. Subi as escadas devagar agarrando-lhe na mão.

Assenti com a cabeça ao que ele disse e sorri-lhe, passando as mãos pelo seu peito quando me abraçou a cintura. Dei-lhe um beijinho na ponta do seu nariz e agarrei na sua mão, subindo as escadas atrás dele. Tentei fazer o mínimo de barulho possível, apesar de não saber se Dylan estava em casa, de qualquer das formas, não queria acordar ninguém. Entrei no seu quarto assim que lá chegámos e fechei a porta atrás de nós.
- Vai deitar-te.- mandei.- agora sou eu que vou cuidar de ti.

Sorri levemente quando disse que ia cuidar de mim e olhei-a - obrigado - murmurei olhando para a minha cama, deixando-me cair na mesma. O meu corpo doía tanto, eu estava tão cansado que não sabia como é que não conseguia adormecer. - Vais deitar-te ao pé de mim não vais? - perguntei arranjando espaço para ela.

Fiz-lhe cara de má quando me agradeceu e fui até à sua casa de banho, vasculhando os armários até encontrar a caixa de comprimidos para a dor de cabeça. Enchi um copo com água e voltei para o quarto, a tempo de ouvir a sua pergunta.
- Vou.- assenti.- não fiz este caminho todo para dormir no tapete.- semicerrei os olhos e sentei-me na pontinha da cama, apenas para lhe esticar o copo e o comprimido.- bebe, vai fazer-te bem.

Fiz uma careta quando olhei para os comprimidos - estou cheio deles rã - disse sentando-me na cama e agarrei no mesmo juntamente com a água, se tivesse uma overdose era da forma que morria de uma forma mais rápida e menos dolorosa. Engoli aquilo quase sem agua e voltei a dar-lhe sorrindo um bocadinho - anda - puxei-a.

Fiz uma careta por causa do que ele disse sobre estar cheio de comprimidos e mordisquei a parte de dentro da minha bochecha.
- Eu sei sapinho, mas é só mais este.- murmurei.- eu prometo que vai ajudar a dor a passar, caso contrário eu nem sequer to dava.- abanei a cabeça.- não te quero encher de comprimidos. Sorri assim que o tomou e agarrei no copo, colocando-o em cima da mesinha de cabeceira, a tempo de o sentir puxar-me para me deitar junto dele. Abanei a cabeça com um sorrisinho e descalcei-me, enfiando-me depois de baixo das mantas com ele, literalmente.- já estou aqui apressado.- murmurei, chegando-me para ao pé dele e beijei-lhe a bochecha.

Já tinha tomado medicamentos mais fortes do que aquilo, mas só passava com uma boa noite de sono, coisa que parecia que não ia conseguir ter. Fechei os olhos quando a senti perto de mim e sorri levemente - ficar comigo até amanhã? - perguntei - prometo que te faço um pequeno almoço fantástico - murmurei encostando a minha cabeça perto do seu pescoço.

Deixei que se encostasse a mim, puxando a manta para cima dele, para o conseguir tapar e beijei-lhe a testa, levando depois as mãos ao seu cabelo, para lhe fazer festinhas no mesmo. Sorri com a sua pergunta e assenti, chegando-me mais para ele.
- Eu fico contigo.- murmurei.- não é pelo pequeno almoço, mas aceito-o na mesma.- ri-me baixinho e deslizei os meus dedos pelo seu cabelo.- agora tenta dormir, sim? Fecha os olhos e pensa em coisas boas.- disse baixinho. Eu também esperava que as festinhas ajudassem, pelo menos eu fazia-as a Mike e ele adormecia num instante.

Senti os meus olhos fecharem-se mal senti as suas festinhas e a rocei o meu nariz preguiçosamente no seu corpo, agarrando-me mais a ela, sabendo que ela não ia embora. Desde que ela me tinha começado a fazer aquelas festinhas no meu cabelo que eu mal a ouvia. Suspirei baixinho com um meio sorriso assentindo apesar de não perceber o que estava a dizer e, ao fim de algum tempo, consegui adormecer.

Sorri, encolhendo-me ligeiramente ao senti o seu nariz roçar-se pelo meu corpo e continuei com as festinhas no seu cabelo, sentindo o seu corpo relaxar quase de imediato. Sorri ainda mais, satisfeita por ter resultado, e tapei-o melhor, beijando-lhe o topo da cabeça. Era bom ver que o podia ajudar quando ele precisava, tal como ele me ajudava a mim. Baixei o olhar assim que a sua respiração acalmou por completo e vi-o já adormecido, como um bebézinho. Acariciei a sua bochecha com as pontinhas dos dedos, com muito cuidado para não o acordar, e fiz com que se deitasse, sem contudo sair de ao pé dele. Aconcheguei-o em mim, tapando-o bem e continuei com as festinhas até adormecer também, ao fim de algum tempo.