Garagem

Relembrando a primeira mensagem :

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Sentei-me no lugar junto ao seu, colocando o cinto e fechei a porta, sentindo o carro arrancar de seguida. Olhei-o, rindo-me com a sua pergunta e assenti, sentando-me meia de lado para ficar de frente para ele.
- Funcionaram.- murmurei com um sorriso.- ele deu-lhe as flores e o desenho e pelo que me contou recebeu um beijinho em troca.- mexi as sobrancelhas.- o meu irmão é um galã, mas os teus truques ajudaram bastante. - estiquei uma mão para o seu braço, fazendo-lhe uma festinha.

Sorri quando disse que funcionaram e virei para a zona onde os pais dela moravam, rindo-me à medida que ela falava- ele vai ser um quebra corações - disse ao mesmo tempo que parava o carro, a casa não era longe da minha, podiamos ter vindo a pé, mas preferia sentir-me mal dentro de um carro do que na estrada. Olhei para sua casa e suspirei, queria mesmo voltar a ver aquelas pessoas, mas acabei a cabeça para mim próprio e olhei-a - entregue - murmurei.

- Claro que vai.- ri-me.- achas que ele sai a quem? - fiz um ar todo convencido apesar de estar a brincar, eu não era uma quebra corações, normalmente, era mais ao contrário. Era a mim que mo quebravam. Olhei para fora, pela janela, assim que senti o carro abrandar e suspirei muito baixinho ao ver a casa dos meus pais ao meu lado. Não queria ir-me embora. Quer dizer, eu queria estar com eles, mas também queria estar com ele. Sim, eu estava mesmo maluca. Mas não lhe ia pedir que entrasse, nem ia insistir nesse assunto, eu sabia que lhe custava. Olhei-o, com um sorriso e estiquei-me para lhe beijar a bochecha.- obrigada.- murmurei.- liga-me se precisares de alguma coisa, está bem?

Ri-me tirando as mãos do volante por uns segundos, ainda meio em andamento - temos aqui uma quebra corações - brinquei e ia mesmo continuar a brincar com o assunto, mas a coisa não ia correr bem, eu sabia que ia ficar todo estranho logo de seguida, por isso nem comentei nada. Mordi o lábio assentindo com a cabeça - sim, e amanhã vais voltar à minha piscina - garanti com um meio sorriso.

Dirigi-lhe um pequeno sorriso, nem me dando ao trabalho de desmentir o que tinha dito e desapertei o cinto, a tempo de ainda o ouvir dizer que amanhã voltaria à sua piscina. Mordisquei o meu lábio, como sempre fazia quando ficava nervosa e assenti, apesar de estar reticente.
- Está bem.- murmurei baixinho.- desde que prometas que não acontece nada.- encolhi os ombros, sentindo-me uma criança, sempre à procura de segurança. Abri a porta do carro e antes de sair, olhei-o.- até amanhã peixe.

Sorri levemente quando vi a sua habitual hesitação e abanei a cabeça - tu sabes que eu não deixo - disse tocando-lhe numa mão, olhando para a mesma antes que ela fosse. Eu precisava mesmo de me deixar disto. Olhei-a quando se afastou e sorri quando me chamou de peixe. - Até amanhã rã.

Baixei o olhar para a minha mão, sorrindo e toquei com os meus dedos nos seus, não conseguindo resistir não o fazer. Assenti, sentindo-me logo mais segura, ou pelo menos, dentro dos possíveis. Eu nunca me sentia segura por completo, mas pelo menos ter a certeza de que ele não deixava que nada acontecesse, deixava-me mais descansada. Semicerrei-lhe os olhos assim que me chamou de rã e pus-lhe a língua de fora com uma careta divertida, levantando-me.
- Porta-te bem.- apontei-lhe um dedo.- e já sabes, qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, liga-me.- voltei a repetir e fechei a porta, para que ele pudesse ir embora.

Sorri com a sua expressão e assenti com a cabeça mais umas quantas vezes - não te preocupes, eu vou estar bem, não te vou acordar a meio da noite para pedir ajuda - olhei-a quando fechou a porta e mostrei-lhe o meu ultimo sorriso começando a fazer marcha atrás e virar até minha casa. A esta hora esperava bem que o meu irmão estivesse a dormir, depois falava com ele, mesmo que ele não quisesse.

Parei junto à porta de casa dos meus pais e olhei para trás, ficando a vê-lo ir embora até desaparecer do alcance da minha vista. Mordiquei o meu lábio, ficando durante um bocadinho a olhar apenas para a rua, mas quando ouvi a voz do meu irmão do outro lado da porta, peguei nas chaves, acabando por abri-la para entrar.
- Mana! - ele parou no meio do corredor, ficando a olhar para mim e correu na minha direcção, lançando-se para os meus braços.
- Olá macaquinho.- agarrei nele ao colo, beijando-lhe a bochecha e ele agarrou-se a mim.
- Pensei que me ias buscar à escola.- comentou. Fiz uma careta, por nem me ter lembrado disso e sentei-me com ele no sofá. A minha mãe já me tinha ouvido de certeza.
- Desculpa, estive com o Ryan.- disse, encostando a cabeça à sua mas tive de a levantar porque ele endireitou-se enquanto olhava em volta.
- Estiveste? - sorriu todo entusiasmado.- onde é que ele está?

Sentia-me cansado, tinha sido um longo dia. Passei as mãos pela cabeça quando cheguei a casa e saí do carro indo para a cama sem comer nada, não tinha muita fome. Suspirei quando me deitei, agarrando-me às almofadas pronto para adormecer, mas quando fechei os olhos não aconteceu nada, não adormeci como tanto queria.

Depois de enfiar o carro na garagem olhei para Ariel e mordi o interior da bochecha encolhendo os ombros, mas lá voltei a suspirar - vai ter com o teu irmão e com os teus pais, eles também querem estar contigo - disse saindo do carro passando as mãos pela testa. - aparece quando quiseres -

Para dizer a verdade, aquela não era de todo a resposta que eu estava à espera. Eu não me queria ir embora.
- Não respondeste à minha pergunta.- disse baixinho, saindo do carro.- mas eu vou, deves querer ficar sozinho.- murmurei, sendo a minha vez de encolher os ombros.

Desviei o olhar aos poucos quando me disse que não lhe tinha respondido à pergunta e engoli em seco, não queria ficar sozinho, mas também não queria estar com ninguém, ainda por cima andava a afasta-la da família e não podia ser assim. - É melhor contares aos teus pais e ao teu irmão - disse, para que um dia eles a apoiassem, saindo do carro.

Não, eu não podia ficar ressentida, era normal que ele estivesse assim, provavelmente no lugar dele eu ficaria igual. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, suspirando depois e limitei-me a encolher os ombros ao que ele disse depois.
- Se precisares de alguma coisa liga-me.- disse.- e também sabes onde me encontrar.- não podia fazer-me de convidada e obrigá-lo a ficar comigo.

Fui ter com ela para me despedir como deve de ser e beijei-lhe a testa - desculpa, eu preciso de ficar sozinho, podes vir amanhã - disse afastando-me para sair dali. Cerrei o maxilar quando já estava a sair dali e fechei a porta subindo da garagem até à cozinha sentando-me numa cadeira para me tentar acalmar.

Estava prestes a virar costas para ir embora quando senti Ryan junto de mim. Virei-me para ele, mordendo a parte de dentro da minha bochecha com força e mal senti o seu beijo na minha testa, esforcei-me para não dizer nada, limitando-me a assentir. Fiquei a vê-lo ir embora e antes que não conseguisse, virei costas, saindo dali.

Respirei fundo mais uma vez agarrando com força na mesa e mordi o lábio fechando os olhos. Não ter emoções fortes quando me diziam que ia morrer em pouco tempo, quando me pediam para começar a descansar era uma situação impossível. Sustive a respiração por algum tempo, o que foi errado porque assim que a soltei mandei tudo o que encontrei ao chão.