Tal como eu estava à espera, assim que cheguei a casa, o meu pai interrompeu o jogo de futebol para vir ter comigo. Começaram as perguntas e eu respondi como sempre, que tinha estado em casa da minha tia e até que tinha estado na biblioteca a estudar, mas mesmo que fosse verdade, não interessava, ele não gostava que eu passasse o dia todo fora e quando isso acontecia, queria sempre mostrar quem mandava e que eu era dele e não me podia ir embora.
Fui literalmente arrastada pelos cabelos até ao sofá da sala e depois de todos os socos e pontapés, chegou a parte mais nojenta de todas. Tentei ao máximo fingir que estava fora do meu corpo e pensar nos momentos que tinha tido antes com o Dylan mas não fazia diferença, as dores eram enormes e sentia-me um lixo. Assim que me empurrou para o chão para continuar a ver o jogo, levantei-me a esforço e fui para o meu quarto. Não chorei, já não chorava agora, nem mesmo com as dores. Depois de tomar banho enfiei-me na cama e só sai de lá na manhã seguinte para ir para a escola. Apesar de ainda estarmos na altura do verão, tirei uma sweat para vestir por cima do top e tapar as nódoas negras dos braços e tronco mas também da cara, com o capuz. Coloquei os óculos de sol na cara e agarrei na mala para ir para a escola, deixando-me estar no meu canto assim que cheguei. Ia evitar o Dylan porque se ele me visse não tinha mais desculpas nem mentiras para dizer e ele ia acabar por perceber.